A Embraer cancelou a iniciativa de produção de um turboélice regional de até 100 lugares, encerrando oficialmente um dos projetos mais aguardados da aviação brasileira nesta década. O anúncio foi feito pelo CEO Francisco Gomes Neto, durante a divulgação dos resultados trimestrais da companhia.
Segundo o executivo, a decisão foi definitiva. “A iniciativa do turboélice foi cancelada por nós. Não temos neste momento nenhum plano nesse sentido”, afirmou.
O modelo seria lançado em duas versões, com 70 e 100 assentos, projetado para operar em aeroportos menores e com custo reduzido, aproveitando parte da estrutura da linha E-Jet.
Embraer cancela turboélice, mas foca em mudança estratégica e inovação
Ao confirmar que a Embraer cancela o projeto do turboélice, a empresa sinaliza uma reorientação de prioridades. Analistas observam que a decisão busca preservar recursos e reduzir riscos tecnológicos, concentrando esforços em programas consolidados, como os jatos E2, e em novas frentes de mobilidade aérea e defesa.
O projeto cancelado esbarrava na falta de motores modernos e eficientes, fator que impediu a competitividade com a rival ATR, controlada por Airbus e Leonardo. Portanto, sem essa tecnologia, a Embraer optou por concentrar investimentos em áreas com retorno mais previsível, como a recente venda de jatos para TrueNoord.
A Embraer e sua atuação no Brasil
Com sede em São José dos Campos (SP), a Embraer é um dos maiores expoentes da indústria aeronáutica nacional, presente em mais de 100 países e empregando cerca de 19 mil pessoas. A empresa ocupa o posto de terceira maior fabricante de aeronaves do mundo e mantém atuação em aviação comercial, executiva, defesa e mobilidade aérea avançada.
O cancelamento do avião turboélice não altera o papel estratégico da Embraer no país. A companhia segue investindo no cargueiro KC-390 Millennium e na subsidiária Eve Air Mobility, dedicada ao desenvolvimento de aeronaves elétricas de decolagem vertical (eVTOL), voltadas ao transporte urbano.
E175-E2 segue como aposta para o mercado dos EUA
Mesmo com o encerramento do projeto da aeronave turboélice, a Embraer mantém o E175-E2, jato regional de nova geração, como uma possível aposta futura. O CEO destacou que o modelo “continua vivo”, mas sua operação depende da revisão da cláusula de escopo nos Estados Unidos. O país limita o peso e o número de assentos para companhias regionais.
A restrição, imposta por acordos entre pilotos e grandes aéreas como American, Delta e United, impede que a nova aeronave substitua a geração atual. A empresa brasileira monitora o cenário regulatório norte-americano, que poderá abrir espaço para o E175-E2 em um dos mercados mais importantes do mundo.
O que o fim do projeto do turboélice representa para Embraer e para a aeronáutica nacional
Apesar do revés, avanços em propulsão híbrida, novas rotas regionais e políticas ambientais mais rigorosas podem recolocar o Brasil no centro da inovação. Cabe a Embraer, como um dos principais motores da aviação brasileira, trabalhar na inovação.
O fato de a Embraer cancelar o turboélice reacende discussões sobre o futuro da indústria aeronáutica nacional. Embora o cancelamento represente a saída temporária do segmento de aeronaves regionais com hélice, a empresa mantém sólida reputação global.










