A Tesla espera obter aprovação total para operar seus carros autônomos na China até o início de 2026. Elon Musk, CEO da Tesla, fez a previsão durante a assembleia anual da companhia, indicando que a empresa se aproxima de uma virada estratégica em seu segundo maior mercado global.
“Temos aprovação parcial na China e esperamos a liberação completa em fevereiro ou março”, afirmou o executivo na quinta-feira (06/11).
Atualmente, a montadora norte-americana possui apenas permissão parcial para uso do software Full Self-Driving (FSD), disponível desde fevereiro de 2025. O sistema oferece condução assistida, mas com limitações: o veículo não pode trocar de marcha de forma autônoma, nem se deslocar completamente entre vagas de estacionamento. Além disso, a tecnologia enfrenta desafios no reconhecimento de placas e sinalização locais, o que impede a operação plena nas ruas chinesas.
O avanço global dos carros autônomos da Tesla e de outras marcas
Em escala mundial, a circulação de veículos autônomos ainda depende de autorizações específicas e regulamentações em desenvolvimento. Mais de 50 países, incluindo o Brasil, permitem testes de direção automatizada, geralmente sob supervisão humana obrigatória e em zonas controladas.
Nos Estados Unidos, estados como Califórnia e Arizona lideram em programas de testes públicos, enquanto na União Europeia o marco regulatório unificado está previsto para 2026. No Japão e na Coreia do Sul, projetos de mobilidade autônoma urbana já circulam em áreas delimitadas.
Apesar dos avanços, a operação comercial irrestrita de veículos sem condutor humano ainda é exceção. Todas se concentram em frotas corporativas, táxis-robôs e pilotos de carga.
Especialistas indicam que os desafios legais, éticos e de segurança cibernética continuam a impedir uma adoção em larga escala. O caso dos carros autônomos da Tesla simboliza o estágio de maturação tecnológica e regulatória que o setor enfrenta em todo o mundo.
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Competição na China desafia a direção automatizada da Tesla
A China é hoje o maior mercado de veículos elétricos do mundo, e também o mais competitivo. A participação da Tesla caiu de 15,4% no primeiro trimestre de 2023 para apenas 8% no último balanço, à medida que fabricantes locais como BYD, Xpeng e Nio ampliaram espaço com sistemas de direção assistida semelhantes, muitos deles oferecidos sem custo adicional.
Analistas do setor veem o caso como um teste de sobrevivência tecnológica. A Tesla trabalha na adaptação do FSD ao padrão de trânsito chinês, um processo que envolve atualização de algoritmos de visão computacional e linguagem de sinalização. Portanto, é fundamental o sucesso dessa etapa para o reposicionamento da marca num cenário dominado por empresas nacionais de tecnologia automotiva.
Confiança do consumidor e futuro dos veículos autônomos da Tesla
O atraso na aprovação integral gerou frustração entre consumidores chineses. Muitos clientes pagaram 64 mil yuans (US$ 9 mil) pelo FSD, apostando na liberação rápida do serviço completo. A demora de quase três anos criou tensões entre compradores e a montadora, que agora busca reconstruir a confiança dos usuários.
Musk tenta responder a essa pressão com uma promessa de prazos definidos. Caso a liberação aconteça em 2026, será a primeira vez que os veículos autônomos da Tesla terão operação plena fora dos Estados Unidos. Portanto, trata-se de um marco que reforçaria sua imagem de liderança global em inovação e direção automatizada.
Caminhos futuros para a tecnologia de condução autônoma da Tesla
A eventual aprovação dos carros autônomos da Tesla na China pode alterar o equilíbrio competitivo no setor de mobilidade elétrica. Especialistas em regulação automotiva preveem que o aval do governo chinês abriria espaço para parcerias em inteligência artificial e mapeamento urbano. Além de influenciar políticas de padronização tecnológica.
Entretanto, o avanço depende de uma autorização oficial do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT), que até o momento não se manifestou sobre o cronograma. Enquanto isso, a Tesla segue ajustando seu software para atender às exigências de segurança e dados locais. A consolidação da tecnologia de condução autônoma da Tesla tende a redefinir a próxima década da indústria global. Enquanto no Brasil, discussões iniciais já são feitas há anos, o país asiático é o palco decisivo dessa disputa tecnológica.










