O lucro da Americanas caiu 96,4% no terceiro trimestre de 2025 (3T25), para R$ 367 milhões, conforme balanço divulgado na noite desta quarta-feira (12/11). O resultado foi influenciado pela ausência de ganhos extraordinários registrados no ano anterior e pela pressão do escândalo contábil, ainda presente na percepção dos consumidores. Mesmo assim, o Ebitda ajustado avançou 152,7%, para R$ 561 milhões, indicando maior eficiência após cortes de despesas.
A receita líquida atingiu R$ 2,7 bilhões, queda de 1% frente ao 3T24. As lojas físicas tiveram desempenho melhor, com aumento de 6,5% nas vendas de mesmas lojas. Já o digital, peça central no resultado da Americanas, segue pressionado por Amazon, Mercado Livre e Magazine Luiza. O GMV digital recuou 74,6%, para R$ 167 milhões.
O GMV digital é o Volume Bruto de Mercadorias transacionado no e-commerce, considerando todas as vendas feitas no site e no aplicativo, incluindo produtos próprios e itens de marketplace. O forte recuo indica menor demanda, perda de participação e efeitos da revisão do negócio on-line.
Lucro da Americanas e pressão do e-commerce
O digital foi o ponto mais fraco do trimestre. Os principais números que influenciaram o lucro da Americanas foram:
- GMV total: R$ 3,7 bilhões (-11,6%)
- GMV físico: R$ 3,4 bilhões (estável)
- GMV digital: R$ 167 milhões (-74,6%)
- Margem bruta: 29,1% (antes 31,8%)
- Lucro bruto: queda de 9,2%
- Despesas operacionais: redução de 19% (28,6% da receita, ante quase 35%)
Essa combinação mostra um varejo físico minimamente estável, enquanto o digital sofre retração acentuada, reduzindo o desempenho da Americanas no total consolidado.
Lucro da Americanas e reorganização das lojas
A empresa fechou 55 unidades, 33 convencionais e 22 express, o que reduziu a área de vendas em 2,6%. A readequação faz parte da estratégia para melhorar eficiência e preservar a rentabilidade da Americanas em um ambiente mais competitivo. O escândalo contábil segue como fator determinante para a perda de confiança e menor tráfego nas lojas físicas e digitais.
A Americanas sofreu mais um revés no mês: o fim da Ame Digital. No início de novembro, o Banco Central aprovou o cancelamento da licença de Instituição de Pagamento (IP) da fintech. O pedido havia sido feito em julho, e a decisão encerra de vez as operações financeiras da empresa, apenas dois anos após obter a autorização regulatória.
Por que a Americanas ainda enfrenta desafios no mercado
Mesmo com o Ebitda de R$ 561 milhões, a companhia enfrenta três desafios simultâneos:
- Operacional: retração brusca no digital e revisão profunda do portfólio;
- Reputacional: consumidores ainda reagem ao impacto do escândalo contábil;
- Competitivo: concorrentes ampliam escala, tecnologia e programas de fidelidade.
O recuo de 74,6% no GMV digital e o fechamento de 55 lojas evidenciam uma fase de reconstrução. A menor capilaridade física e o enfraquecimento on-line reduzem alcance e visibilidade, afetando diretamente o lucro da Americanas e sua capacidade de competir em escala.
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Impacto estrutural e ajustes futuros — rentabilidade da Americanas
A combinação de digital retraído, redesenho da rede física e esforço de eficiência define o cenário atual do lucro da Americanas. Caso a reorganização avance e as despesas permaneçam sob controle, a empresa pode estabilizar margens e reduzir perdas operacionais. Ainda assim, o ambiente competitivo exige mais escala e retomada da confiança do consumidor. Dados adicionais estão disponíveis no site da CVM.










