Um navio da Geely, projetado para transportar cerca de 7 mil veículos, deve integrar rotas Brasil–China ainda este ano, segundo confirmação oficial da marca chinesa de carros elétricos. A embarcação, conhecida como Jisu Fortune, combina dimensão robusta e motores capazes de operar com gás natural liquefeito, o que ajuda a reduzir emissões. A entrada dessa nova estrutura logística ocorre enquanto a Geely expande sua atuação no país com os modelos EX5 e o EX2, este último posicionado como elétrico compacto de entrada, que acabou de ser lançado em Fortaleza, na última sexta-feira pelo Grupo Carmais.
A existência desse navio torna-se relevante não apenas pelo tamanho, mas também pelo contexto global. O salto das exportações automotivas da China pressiona o transporte marítimo, já que a oferta de embarcações Ro-Ro (nome dado a embarcações que transportam carros) não acompanha o ritmo da indústria.
O fórum de análise sobre políticas globais WITA ressaltou que “a urgência de um transporte confiável tornou-se particularmente aguda, já que as exportações de carros chinesas dispararam nos últimos dois anos”.
Assim, com o novo vessel, a Geely busca autonomia para garantir regularidade nas entregas e menor dependência de contratos de aluguel.
Vessel da Geely ganha espaço na logística internacional
O Jisu Fortune mede cerca de 200 metros, possui 12 andares e comporta carros, caminhões e outros veículos. A primeira viagem ocorreu entre Taicang e a Europa, direcionada ao abastecimento das marcas tradicionais do grupo: Volvo, Jaguar e Smart, fabricadas em território chinês. Apesar de a rota inaugural não incluir o Brasil, a própria montadora afirmou que o navio da Geely servirá trajetos Brasil–China e Ásia–Europa, reforçando sua expansão internacional.
Essa autonomia logística já é tendência entre montadoras chinesas. A BYD opera oito navios próprios, com capacidade total de aproximadamente 70 mil veículos. Enquanto MG e SAIC seguem caminho semelhante ao ampliar suas frotas. Em comum, todas buscam reduzir custos de frete, encurtar prazos e contornar gargalos na disponibilidade de embarcações globais.
Contexto brasileiro
A presença da Geely no Brasil passou por fases distintas desde as primeiras negociações no início da década passada. A marca chegou a estudar operações locais ainda nos anos 2010, mas ganhou tração real apenas quando o mercado de elétricos começou a acelerar. A nova etapa começou com a introdução do Geely EX5 e evoluiu para o EX2, elétrico compacto destinado a disputar consumidores que buscam acesso mais barato à tecnologia. Ambos lançados pelo Grupo Carmais na região cearense.
Esse avanço comercial ajuda a explicar o interesse da Geely em integrar o país às rotas atendidas pelo navio Jisu Fortune. O reforço logístico contribui para dar regularidade às importações dos modelos vendidos aqui, ao mesmo tempo em que reduz custos em um ambiente de forte competição entre fabricantes chinesas. À medida que a linha da marca conquista espaço, a operação com navios próprios tende a sustentar o ritmo de chegada dos veículos ao mercado brasileiro.
Navio da Geely e seus efeitos na cadeia automotiva
A integração do navio da Geely nas rotas de exportação, aliada ao avanço de outras fabricantes chinesas, pode alterar a logística automotiva mundial. Segundo análise da WITA, navios próprios podem inclusive gerar receita adicional por meio do aluguel para marcas japonesas, coreanas e ocidentais.
Esse cenário tende a influenciar preços, oferta de modelos e a disputa entre elétricos no Brasil. A consolidação dessa tendência indica maior integração entre produção e logística, abrindo espaço para novas rotas de comércio e reforçando o protagonismo asiático no setor.










