A Crise nos Correios ganhou nova dimensão após o relatório bimestral divulgado pelo Ministério da Fazenda na última sexta-feira (21/11) indicar que o rombo da estatal pressiona diretamente o desempenho fiscal do governo. O documento apontou piora relevante no resultado das estatais e levou ao bloqueio adicional de recursos nos ministérios, segundo a pasta. A situação exposta no relatório reforça o impacto do prejuízo acumulado da empresa, que se tornou foco de preocupação entre integrantes da equipe econômica.
O relatório reduziu o contingenciamento de despesas de R$ 12,1 bilhões para R$ 7,7 bilhões, embora o Tesouro Nacional tenha usado margens já previstas no orçamento para cobrir perdas de empresas controladas. Ainda assim, o prejuízo crescente dos Correios resultou em bloqueio de R$ 3 bilhões. A avaliação oficial indica que o déficit das estatais pode alcançar R$ 9 bilhões em 2025, valor atribuído em grande parte ao desempenho negativo da estatal postal. Essa deterioração aparece em um período de forte disputa no setor de encomendas, no qual operadores privados ampliaram presença e aceleraram ganhos de eficiência.
Crise nos Correios e efeitos fiscais
A piora ocorre após a estatal acumular mais de R$ 2,5 bilhões em perdas em 2024 e ultrapassar R$ 4 bilhões no primeiro semestre de 2025, com possibilidade de chegar a R$ 10 bilhões até o fim do ano. Analistas descrevem esse cenário como uma situação crítica, considerando que os números superam o ritmo de ajuste possível apenas com esforço operacional.
Para alguns especialistas, parte das dificuldades vem da perda de participação no mercado, reduzida para cerca de um quarto após anos sem investimento capaz de acompanhar a modernização do setor. A direção da empresa afirma por nota que o plano atual busca “garantir sustentabilidade financeira e modernizar a operação”, mas admite que ajustes são necessários para assegurar a continuidade dos serviços.
Plano de reestruturação
O plano apresentado inclui demissão voluntária de 10 mil empregados e fechamento de cerca de mil agências deficitárias. A proposta também prevê venda de imóveis estimada em R$ 1,5 bilhão e possibilidade de fusões, aquisições ou parcerias estratégicas. Além disso, a estatal busca captar R$ 20 bilhões em empréstimos para reforçar o caixa.
Especialistas consultados avaliam que a reestruturação profunda chega tarde. Eles consideram indispensável a adoção de medidas estruturais. Avaliam ainda que a participação da iniciativa privada pode ser determinante, como sugerem experiências de países que reformaram seus sistemas postais.
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Repercussões da crise financeira
O avanço da crise financeira tende a influenciar debates sobre eficiência das estatais e capacidade de ajuste do governo. O desempenho dos Correios afeta diretamente a política fiscal e amplia a pressão sobre decisões de curto prazo. A continuidade dessa trajetória pressiona gastos públicos e reacende discussões sobre modernização do setor. A Crise nos Correios se torna um teste para o ritmo das reformas e para o equilíbrio entre serviço público e competitividade em logística.











