O ataque preventivo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) voltou ao centro do debate nesta segunda-feira 01/12 depois que o chefe militar da aliança, almirante Giuseppe Cavo Dragone, admitiu que a estratégia pode ser analisada em cenários ligados à guerra híbrida, marcada por ciberataques, sabotagens e violações de infraestrutura crítica. A reação imediata de Moscou ampliou a tensão diplomática, já que o governo russo classificou as declarações como um gesto irresponsável em plena fase de discussões sobre um plano de paz elaborado pelos Estados Unidos.
Dragone afirmou ao Financial Times que a Otan avalia sair de uma postura exclusivamente reativa diante das ofensivas atribuídas à Rússia, que incluem cortes de cabos submarinos no Báltico, invasões de drones e ataques cibernéticos contra serviços civis. Nesse contexto, o oficial reconheceu que a aliança encara um dilema operacional, porque parte das ações ocorre em zonas de difícil responsabilização, como águas internacionais, o que enfraquece respostas imediatas. Esse cenário permite o uso da ação antecipatória, já discutido por aliados do Leste europeu.
Ataque preventivo da Otan e a reação diplomática
A Rússia rebateu em tom elevado e declarou que as falas demonstram falta de disposição da Otan para a pacificação. A porta-voz Maria Zakharova afirmou que iniciativas desse tipo minam negociações em curso e alertou para possíveis consequências, principalmente para países que integram a aliança. A crítica ocorre no momento em que Washington tenta avançar com um documento de 28 pontos que envolve concessões territoriais e um pacto de não agressão entre Rússia, Ucrânia e Europa, segundo agências internacionais.
Ao mesmo tempo, o flanco leste permanece em alerta. Polônia, Romênia, Estônia e Bélgica registraram drones que atravessaram seus espaços aéreos desde setembro, em episódios classificados como parte da guerra híbrida russa. Em Bucareste, autoridades confirmaram fragmentos de aeronaves sem carga explosiva, fato que reforçou pedidos de respostas mais firmes. Para lidar com esse ambiente, os EUA treinam tropas romenas para adotar uma nova tecnologia anti-drone, cuja fase de implementação está quase concluída.
Ataque preventivo da Otan e pressão no flanco leste
Dragone destacou que a dissuasão ainda funciona, citando o exercício Baltic Sentry, que intensificou a vigilância sobre portos, cabos submarinos e rotas marítimas. Segundo ele, desde o início das patrulhas conjuntas, não houve novos incidentes significativos, o que sugere efeito direto da presença militar. Mesmo assim, o comando da aliança mantém dúvidas sobre o limite de atuação quando episódios ocorrem fora de áreas sob jurisdição clara.
O plano de paz discutido em reuniões recentes nos Emirados Árabes adiciona complexidade ao quadro. Autoridades dos Estados Unidos e da Rússia analisam pontos sensíveis do documento, enquanto o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tenta manter espaço diplomático. Para analistas citados pela imprensa internacional, a estratégia de contenção, pode ganhar força se o diálogo avançar sobre fronteiras e mecanismos de segurança.
Resposta ampliada diante do aumento de pressão
O avanço do debate sobre o ataque preventivo da Otan deve influenciar cálculos de segurança nos próximos meses, já que a Europa segue exposta a riscos de sabotagens e ataques digitais que ainda desafiam estruturas legais internacionais. A redução gradual do contingente dos EUA na Romênia e o papel desempenhado pela Rússia adicionam camadas de incerteza, e países do flanco leste pressionam para que a aliança reavalie seus limites operacionais. Nesse quadro, a resposta ofensiva limitada surge como hipótese citada por militares, enquanto governos acompanham o nível de pressão russa e tentam entender como redefinir a dissuasão sem ampliar o conflito.











