A crise da Hapvida chega ao seu ponto mais sensível nesta sexta-feira (05/12), quando a Agência Nacional de Saúde (ANS) analisará a forma como a empresa registrou os efeitos do acordo com o Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão pode exigir a republicação dos balanços e a retirada de quase R$ 1 bilhão do patrimônio. Esse ajuste revisaria lucros anteriores e ampliaria dúvidas sobre a consistência das contas. Caso isso ocorra, a operadora pode enfrentar reenquadramento regulatório e a necessidade de capital, cenário delicado diante da baixa confiança dos acionistas.
A análise da agência envolve três pontos: o momento do registro contábil, o impacto sobre os lucros e o nível de transparência das informações divulgadas. Revisões dessa natureza são raras no setor e, segundo analistas, podem redefinir a leitura do desempenho recente e exigir governança mais rígida da companhia.
Crise da Hapvida: como evoluiu até o julgamento
A crise da Hapvida ganhou corpo após a fusão com a NotreDame Intermédica, quando a empresa passou a enfrentar custos assistenciais elevados e sinistralidade acima do projetado. A judicialização avançou e elevou despesas, enquanto o caixa perdeu força. Além disso, os resultados fracos do 3º trimestre de 2025 reforçaram o desgaste e consolidaram um ambiente de instabilidade que agora culmina no julgamento da ANS sobre a contabilização do acordo com o SUS.
Reação intensa do mercado a crise da Hapvida
A pressão do mercado aumentou após o balanço do 3º trimestre de 2025. Em novembro, a ação caiu mais de 40% em um único pregão e manteve a trajetória negativa nas semanas seguintes. O papel passou a ser negociado perto de R$ 14,00 e acumulou queda superior a 60% em doze meses. Já o valor de mercado recuou para cerca de R$ 9 bilhões, muito abaixo do patamar pós-fusão.
Analistas afirmam que a queda da Hapvida reflete a combinação de resultados fracos e incertezas regulatórias. Para eles, a empresa pode enfrentar novos ajustes caso o julgamento confirme falhas na contabilização. Esse risco mantém a volatilidade elevada e reforça a percepção de instabilidade da operadora.
Impacto direto nos beneficiários
A crise da Hapvida também afeta o atendimento, com beneficiários relatando piora dos serviços em várias cidades. Nesse contexto, Manaus concentra o maior volume de reclamações, com relatos de falhas no suporte, interrupções no interior e problemas graves ligados ao cuidado de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Além disso, as queixas reforçam o desgaste da empresa em um momento de pressão financeira e regulatória.
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Pressões crescentes em meio à instabilidade da Hapvida
O julgamento da ANS ocorre em um cenário de custos altos no setor e regras contábeis mais rigorosas. Essa combinação pressiona a Hapvida, que precisa demonstrar governança e eficiência para recuperar a confiança do mercado. Especialistas afirmam que a forma como a companhia lidará com eventuais ajustes após o veredito indicará se a crise representa apenas uma fase de tensão ou um colapso da Hapvida com efeitos prolongados na saúde suplementar.











