A crise da memória RAM vem ganhando força nos últimos meses e desencadeou uma escalada de preços entre fabricantes de computadores. A alta acumulada da DDR5, 5ª geração da memória RAM, próxima de 70% em relação ao último ano, elevou custos de produção e antecipou reajustes previstos para o início de 2026. Esse avanço impacta notebooks, desktops e equipamentos corporativos, criando pressão adicional em um mercado que já opera com margens apertadas.
A origem desse cenário está ligada à escassez de RAM, observada por consultorias especializadas. Fabricantes de chips priorizam módulos de alto desempenho destinados a servidores de inteligência artificial. A mudança reduz a disponibilidade de DRAM para PCs, encarecendo componentes essenciais. O COO da Dell, Jeff Clarke, afirmou que “nunca viu os custos de chips de memória subirem tão rápido”, refletindo a intensidade desse descompasso global.
Crise da memória RAM: causas estruturais e efeitos previstos para 2026
A crise resulta da combinação entre produção limitada e demanda acelerada por hardware avançado. Os principais fabricantes — Samsung, SK Hynix e Micron — direcionam grande parte da capacidade para tecnologias usadas em data centers e modelos de IA generativa. Como esse segmento exige módulos específicos e volumes crescentes, menos DRAM chega ao mercado de computadores pessoais.
Relatórios de consultorias, como TrendForce e IDC, mostram que data centers absorvem parte crescente da fabricação mundial. Em paralelo, empresas e consumidores ampliam a procura por máquinas mais potentes, elevando o uso de módulos de 16 GB ou mais. Essa competição pressiona preços e reduz previsibilidade na reposição de estoques. Nesse contexto, analistas afirmam que a normalização depende da expansão fabril prevista para os próximos trimestres.
Lenovo e outras fabricantes de PCs revisam tabelas por conta da crise da memória RAM
A Lenovo informou parceiros que todas as cotações expirarão em 01/01/2026, com a expectativa de aumento de preços entre 15% a 20%. Por esse motivo, a própria Lenovo recomenda antecipar pedidos e garantir valores vigentes antes das mudanças. Além disso, a empresa projeta que a pressão da DRAM seguirá elevada. Tablets, equipamentos de entrada e notebooks corporativos fazem parte desse ajuste.
Outras fabricantes trabalham em direções semelhantes. HP, Samsung e LG avaliam reprecificar linhas de produtos diante do encarecimento dos chips destinados a servidores. Esse desvio de oferta cria impacto em toda a cadeia de PCs e mantém preços instáveis.
AI PCs ficam mais caros e mudam planos de fornecedores de chips
Já os AI PCs, modelos geridos por inteligência artificial que exigem, no mínimo, 16 GB de RAM e armazenamento veloz, são mais sensíveis à alta dos componentes. A necessidade de executar modelos generativos localmente depende de memória rápida e abundante, o que encarece ainda mais o produto final. Esse ambiente também afeta o planejamento de Intel, AMD e Qualcomm, que avaliam reduzir o ritmo de produção desse tipo de produto enquanto o mercado absorve menos unidades.
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Um setor guiado pela escassez de RAM e pela reorganização produtiva global
A expectativa de analistas é que a escassez de RAM continue moldando o setor no primeiro semestre de 2026. Como a indústria segue orientada para data centers, o abastecimento de PCs deve permanecer sujeito a oscilações.
Nesse sentido, a crise da memória RAM leva a Lenovo e outras fabricantes a ajustar volumes, reorganizar portfólios e aguardar a ampliação das capacidades fabris. O ritmo dessas expansões definirá quando o mercado poderá recuperar estabilidade e reduzir pressões sobre preços.











