A bandeira tarifária verde foi definida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para janeiro de 2026, conforme comunicado divulgado nesta terça-feira (23). A decisão garante que a conta de luz não terá cobrança adicional no primeiro mês do ano, após um fim de 2025 marcado por custos extras ao consumidor.
Apesar do sinal favorável, o contexto técnico exige leitura mais cuidadosa. A Aneel informou que o período chuvoso segue com volumes abaixo da média histórica, ainda que os reservatórios das usinas hidrelétricas tenham mantido níveis considerados suficientes nos últimos meses. Esse equilíbrio permitiu reduzir o acionamento das usinas termelétricas, fontes mais caras de geração.
Em dezembro de 2025, vigorou a bandeira amarela, com acréscimo de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos. Já em novembro, a bandeira vermelha patamar 1 elevou a conta em R$ 4,46 por 100 kWh. A transição para a bandeira verde ocorre, portanto, após uma sequência de ajustes no custo da geração de energia elétrica.
Bandeira tarifária verde e a leitura de risco do sistema
A adoção da bandeira tarifária verde não reflete abundância hídrica ampla, mas sim um sistema sustentado por gestão criteriosa dos recursos disponíveis. Segundo a Aneel, em janeiro de 2026 não será necessário despachar termelétricas na mesma intensidade observada anteriormente, o que evita a transferência de custos adicionais para o consumidor.
Esse cenário indica um equilíbrio operacional delicado, no qual pequenas variações climáticas podem alterar rapidamente a estrutura de custos. O menor custo marginal de operação decorre mais de planejamento e monitoramento do que de conforto estrutural no regime de chuvas.
Bandeira tarifária verde no histórico recente
A decisão ganha peso quando observada em perspectiva. A Aneel informou que dezembro registrou bandeira amarela pela primeira vez desde 2019, rompendo uma sequência histórica distinta. Entre setembro de 2021 e abril de 2022, o país operou sob a bandeira de escassez hídrica, criada diante da forte pressão sobre os reservatórios.
Esse histórico reforça que a bandeira verde atual não elimina riscos futuros, mas sinaliza um momento de estabilidade controlada dentro do sistema elétrico brasileiro.
Sinal verde na conta de luz e o desafio de 2026
Mesmo com a bandeira tarifária verde, a Aneel voltou a destacar a importância do uso consciente de energia elétrica. A agência afirma que a economia contribui para a preservação dos recursos naturais e para a sustentabilidade do setor ao longo do tempo.
Assim, a bandeira verde funciona como um termômetro do início de 2026: há espaço para aliviar a conta de luz, porém sem margem para descuido. O sistema segue dependente de decisões técnicas precisas, disciplina hídrica e acompanhamento contínuo das condições climáticas, elementos que seguirão no centro do debate energético ao longo do ano.











