Os juros bancários no Brasil alcançaram, em novembro, o patamar médio de 46,7% ao ano nas operações com recursos livres, o nível mais alto desde abril de 2017. O dado consta do relatório de Estatísticas Monetárias e de Crédito do Banco Central do Brasil (BCB) e reflete o efeito direto da política monetária restritiva em curso.
A alta acumulada em 2025 soma seis pontos percentuais. O avanço ocorre com a taxa Selic em 15% ao ano. Esse nível é o mais alto em quase duas décadas. Esse cenário tem elevado o custo do crédito bancário em todo o sistema financeiro, com efeitos mais severos para consumidores.
Juros bancários no Brasil pesam mais sobre as famílias
Entre as pessoas físicas, a taxa média subiu para 59,4% ao ano em novembro, também o maior patamar desde 2017. Para as empresas, os juros recuaram levemente. A taxa ficou em 24,5% ao ano. O dado aponta maior seletividade dos bancos. Também indica menor percepção de risco corporativo.
Essa diferença reforça a leitura de que os juros bancários no Brasil atingem de forma mais intensa o orçamento das famílias. Logo, o encarecimento do crédito afeta consumo, renda disponível e capacidade de pagamento, ampliando a pressão sobre o endividamento doméstico.
As modalidades mais caras seguem concentradas no cartão de crédito rotativo e no cheque especial. Em novembro, o rotativo chegou a 440,5% ao ano, enquanto o cheque especial ficou em 141,7% ao ano. Mesmo com o limite definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que restringe a dívida total ao valor original, as taxas bancárias permanecem elevadas.
Juros bancários no Brasil avançam mesmo com crédito em expansão
Apesar do custo elevado, o crédito ampliado ao setor não financeiro avançou, sustentado por títulos públicos e pelos empréstimos do Sistema Financeiro Nacional (SFN), com os seguintes indicadores:
- R$ 20,3 trilhões em estoque total
- 160,9% do PIB
- 11,2% de crescimento em 12 meses
Com isso, o crédito às famílias cresceu 11,4% no período, enquanto o crédito às empresas avançou 4,8%, indicando que o endividamento doméstico segue como instrumento para sustentar consumo e despesas correntes.
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Taxas dos bancos e riscos no horizonte
O estoque total de crédito do SFN alcançou R$ 7 trilhões, com desaceleração no ritmo anual. Além disso, as novas concessões operaram com juros médios de 31,9% ao ano, enquanto o spread bancário subiu para 20,9 pontos percentuais, incorporando risco, inadimplência e margens do sistema.
O endividamento das famílias chegou a 49,3% da renda, e o comprometimento atingiu 29,4%, ambos em alta. A inadimplência no crédito livre para pessoas físicas já está em 6,3%, o que mantém o Banco Central atento à evolução da liquidez e à sustentabilidade do crédito.











