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Por que a Mubadala está investindo bilhões na macaúba?

Fábrica dedicada ao produto deve ser inaugurada no segundo semestre

Entenda os planos da Mubadala. (Foto: Reprodução)
Entenda os planos da Mubadala. (Foto: Reprodução)
Entenda os planos da Mubadala. (Foto: Reprodução)
Entenda os planos da Mubadala. (Foto: Reprodução)

A macaúba, planta nativa das regiões tropicais e subtropicais do Brasil, tem emergido, desde 2023, como uma nova protagonista no setor de biocombustíveis. Também conhecida por outros nomes como bocaiúva, macaíba, coco-babão e coco-de-espinho, essa palmeira chamou a atenção de investidores árabes, resultando em um investimento de R$ 15 bilhões para a produção de diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF).

A Acelen Renováveis, controlada pelo fundo Mubadala dos Emirados Árabes Unidos, está liderando o projeto de construção da primeira fábrica de SAF a partir da macaúba, localizada em Mataripe, na Bahia. A fábrica deve começar a ser erguida no segundo semestre deste ano, marcando um passo na produção de combustíveis sustentáveis no Brasil.

Atrativos do investimento

Os investidores foram atraídos pela ausência de impeditivos ambientais, pois a macaúba é uma planta nativa que será cultivada em áreas de pastagens degradadas. Além disso, a produtividade excepcional da macaúba é um grande atrativo econômico. A planta pode render até sete vezes mais óleo por hectare em comparação com a soja, a principal commodity de exportação do Brasil.

Além disso, a versatilidade da macaúba é notável. O óleo extraído pode ser utilizado para consumo humano, na indústria química, de cosméticos e de combustíveis. A farinha da macaúba, rica em proteínas, pode ser incorporada à dieta humana e animal. Além disso, as fibras da planta podem ser usadas para a produção de cordas e tecidos, e a casca do coco pode ser transformada em biochar, um tipo de carvão vegetal que ajuda a sequestrar carbono e melhorar a qualidade do solo.

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Compromisso da Mubadala com biocombustíveis

A Mubadala Capital, com sede em Abu Dhabi, planeja investir R$ 68,5 bilhões no setor de biocombustíveis no Brasil ao longo dos próximos dez anos. Esse investimento destaca uma mudança estratégica em direção à energia sustentável, com benefícios econômicos e ambientais globais.

Na Bahia, a Mubadala também está envolvida em um projeto de biorrefinaria para a produção de diesel renovável e SAF, em parceria com a Petrobras. Esse projeto utiliza a palmeira macaúba, rica em óleo, para otimizar os recursos locais e avançar nas tecnologias de combustível limpo, seguindo um memorando de entendimento entre as empresas.

Investimentos no Mato Grosso do Sul

Seguindo para o sul, no Mato Grosso do Sul, a Mubadala está focada na produção de biometano. Um investimento de US$ 69 milhões será destinado à construção de uma nova fábrica na unidade de etanol da Atvos, que converterá subprodutos da cana-de-açúcar em biometano, promovendo uma economia circular e diversificando o portfólio de energia da Mubadala.

Contexto Histórico e Internacional

Nos campos de cana-de-açúcar do Brasil, uma revolução sustentável na produção de SAF está em curso. As usinas brasileiras, como a São Martinho, estão prontas para exportar milhões de litros de etanol em conformidade com o SAF, posicionando o Brasil como um líder global nessa área. Nos Estados Unidos, o etanol brasileiro já é incorporado na produção de SAF pela LanzaJet na Geórgia, mostrando a integração internacional dessa cadeia produtiva.

Macaúba: A Nova Soja?

Maurício Antônio Lopes, ex-presidente da Embrapa, acredita que a macaúba pode se tornar tão importante quanto a soja no futuro. A demanda crescente por óleo vegetal e os múltiplos usos da macaúba reforçam essa perspectiva. Lopes participa de um projeto de cooperação técnica com a Acelen para viabilizar o cultivo da palmeira em larga escala, destacando o potencial significativo da planta.

Desafios e perspectivas futuras

A Acelen planeja se tornar a maior produtora de combustíveis renováveis, integrando o cultivo da macaúba à produção de SAF. O desafio será o processamento eficiente do fruto para extração do óleo e aproveitamento das biomassas. Estima-se que o investimento de R$ 15 bilhões terá um impacto econômico de R$ 87 bilhões, criando uma nova cadeia produtiva e gerando milhares de empregos.

A planta de SAF da Acelen funcionará inicialmente com óleo de soja até que os 200 mil hectares de macaúba entrem em produção. O projeto também visa a utilização de pastagens degradadas para cultivo, capturando créditos de carbono e promovendo a sustentabilidade. A colaboração com a Embrapa foca na domesticação da macaúba para melhorar a qualidade e eficiência da produção de óleos e bioprodutos.