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Como mudanças na China podem afetar o agronegócio e a economia do Brasil?

O gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil, comprou 32,3% de tudo que o país exportou em 2020.
O gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil, comprou 32,3% de tudo que o país exportou em 2020.
O gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil, comprou 32,3% de tudo que o país exportou em 2020.
O gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil, comprou 32,3% de tudo que o país exportou em 2020.

Dados do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (Mara) e a Academia de Ciências do Agronegócio da China (CAAS) apontam para um crescimento chinês que deve cair à metade do que foi registrado nas últimas décadas, com uma média de 4,9% até 2030.

Os números levantaram dúvidas sobre a capacidade de a China absorver a produção brasileira como faz hoje. O gigante asiático, maior parceiro comercial do Brasil, comprou 32,3% de tudo que o país exportou em 2020. A principal preocupação para os produtores brasileiros deve ser o aumento da concorrência por um pedaço do mercado chinês.

Aumento da concorrência

Alguns produtos devem enfrentar uma concorrência da produção interna da China, especialmente a carne de porco. Ainda que a demanda por carne suína ao final de 2021 aumente 16,5%, como espera a China, a importação dessa proteína deve cair 13,4% por conta da retomada da produção interna. O mesmo vale para a carne de frango, com 35,5% de redução nas importações ao fim deste ano, segundo o relatório China Agricultural Outlook da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a InvestSP.

A expectativa é que a queda na dependência desse tipo de importação seja estrutural, o que deve reduzir as exportações de proteína animal para a China, não só do que vai do Brasil, mas de qualquer lugar do mundo.

A soja, produto mais vendido hoje do Brasil para a China, também pode enfrentar concorrência. Em 2020, mesmo com a pandemia, a produção anual de grãos da China alcançou 669,5 milhões de toneladas, um aumento de 0,9% em comparação à produção de 2019. Em paralelo, o consumo de milho e soja, ainda vai crescer 2,4% e 0,7%, respectivamente.

Além disso, é possível que parte dessa demanda seja absorvida por um produtor inesperado, a África, que tem recebido investimentos da China para que o país asiático não fique nas mãos de poucos fornecedores. Hoje, os maiores produtores do mundo de quem a China compra são Brasil, Estados Unidos e Argentina.

Outros países asiáticos

O aumento da demanda por açúcar na China também pode vir a ser um novo mercado a ser explorado pelos produtores brasileiros. Mesmo com uma redução do crescimento chinês a patamar próximo de 5%, metade do que a China registrou nas últimas décadas, a demanda por produtos estrangeiros vai continuar aquecida. Além disso, a ásia passa por um processo conhecido como spillover, que é um transbordamento do crescimento da principal economia da região para as vizinhas. Por isso, o agronegócio brasileiro deve voltar sua atenção também para o crescimento da demanda nos países que circundam a China.

Mercado interno

O professor Evandro Carvalho, coordenador do Núcleo de Estudos China-Brasil da FGV Direito Rio, destaca que a estimativa é que a China dobre sua população de renda média na próxima década e, portanto, tenha uma capacidade de consumo muito maior.

A manutenção da produtividade brasileira em níveis atuais ou próximo disso pode significar um problema para atender a demanda chinesa crescente ou para abastecer o mercado interno. Se o mercado interno for relegado a um segundo plano, pode haver desabastecimento, caso produtores brasileiros prefiram alimentar outras nações por questão do preço, diz o professor.

Fonte: CNN