As linhas de crédito impõem um custo elevado tanto para os consumidores como para as empresas, retirando da sociedade quase 8% do PIB semestral, a título de pagamento de juros. Esse custo pesa tanto no orçamento dos brasileiros, que somente no primeiro semestre de 2021, as famílias do país pagaram mais de R$ 230 bilhões de juros.
Esse valor representa 73% de toda a injeção que foi feita na economia com o auxílio emergencial de 2020, e representa ainda quase 12% da renda dos brasileiros. Os dados são de um estudo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), que também demonstra que o gasto total de R$ 233,5 bilhões representou cerca de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) semestral e 11,79% da renda das famílias, no período.
No ranking de despesas dos brasileiros, os gastos com juros ocupam o segundo lugar, ficando atrás, apenas dos custos com o aluguel. No entanto, o pagamento de juros supera os custos totais das famílias brasileiras, como educação, serviços de saúde e vestuário.
A pesquisa da Fecomércio SP evidenciou que o auxílio distribuído pelo governo federal, que poderia incentivar ainda mais o consumo das famílias, beneficiando de maneira homogênea outros setores da economia, foi bastante comprometido com a quitação de dívidas e pagamento de juros.
O estudo buscou identificar o volume de recursos que são destinados para o pagamento dos empréstimos obtidos em operações de crédito livre. Para a obtenção dos dados, foi feito um comparativo entre o primeiros seis meses de 2019, 2020 e 2021. Além disso, a empresa também averiguou os níveis de inadimplência tanto das empresas quanto das pessoas físicas.
Os juros pagos pelas famílias e empresas nos primeiros seis meses de 2021 representaram 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) semestral, somando R$ 323,7 bilhões (aumento de 7,5% em comparação ao mesmo período de 2020). A soma dos volumes destinados pelas pessoas físicas e jurídicas para a quitação de juros é superior ao total dos auxílios emergenciais distribuídos a mais de 63 milhões de brasileiros ao longo de 2020 (R$ 320,3 bilhões), e quase 20 vezes o que foi pago nos primeiros seis meses de 2021 (R$ 16,8 bilhões).