O Conselho Nacional de Previdência Social aprovou nesta segunda-feira (13) a queda dos juros do empréstimo consignado do INSS, o que gerou preocupação entre executivos do setor financeiro. A redução da taxa de 2,14% para 1,70% no teto do empréstimo pessoal pode deixar inviável a concessão de crédito para uma parte dos aposentados, especialmente aqueles que concentram maior risco de inadimplência, como os que têm renda menor e os mais idosos.
Além disso, a medida também pode afetar o canal de correspondentes bancários, que representam um custo elevado dentro da margem mais curta. Essas empresas recebem comissões que podem chegar a 10% do valor do empréstimo consignado e movimentaram dezenas de bilhões em 2022, gerando comissões astronômicas.
Limites
João Paulo Ferreira, especialista em finanças, afirma que os bancos ganham muito dinheiro com empréstimos consignados para aposentados, mas as comissões pagas aos correspondentes bancários são altíssimas. “Essas comissões acabam se tornando um incentivo para os correspondentes bancários empurrarem o empréstimo para os aposentados, mesmo que eles não precisem ou não tenham condições de arcar com as parcelas”, alerta Ferreira.
Atualmente, mais de oito milhões de beneficiários têm contrato ativo de empréstimo consignado e cerca de 1,8 milhão já chegaram ao limite de utilização da margem, definido em 45% do benefício, segundo o Ministério da Previdência Social.
Para Ferreira, é importante que os bancos revejam as comissões dos correspondentes bancários e criem mecanismos para evitar que essas empresas empurrem empréstimos para quem não precisa ou não tem condições de pagar. “Os empréstimos consignados para aposentados devem ser uma opção de crédito saudável e não uma fonte de enriquecimento para os correspondentes bancários”, conclui o especialista.
