Os juros elevados da economia brasileira, com a taxa Selic em 13,75% ao ano, e a onda crescente de saques das cadernetas de poupança levaram os bancos privados a subir a taxa dos financiamentos imobiliários nas últimas semanas. Em fevereiro, os três maiores bancos privados do país aumentaram as taxas em cerca de 0,5 ponto porcentual, enquanto a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil mantiveram os valores inalterados desde o começo do segundo semestre de 2021. Esse movimento preocupa o setor de construção, que espera mais dificuldades para as vendas de imóveis, principalmente de médio e alto padrões, neste ano.
A taxa média de juros do crédito imobiliário chegou à faixa dos dois dígitos no segundo semestre de 2021, algo que não se via desde 2016, e segue ganhando corpo neste ano. Em janeiro, bateu em média a marca de 10,74% ao ano, consideravelmente maior do que o registrado nos mesmos meses de 2021 e 2022. Com o crédito mais caro, os potenciais compradores de imóveis ficam afugentados, principalmente pelo fato de ser um financiamento de prazo muito longo, o que pode desacelerar ainda mais o setor.
Especialistas recomendam até o adiamento da compra por algum tempo se o consumidor puder esperar. “Como o financiamento imobiliário é de alto valor, qualquer queda de meio ponto porcentual na taxa de juros tem um impacto muito grande no valor da prestação e no total desembolsado”, afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade. O risco é alto de fechar contrato quando as taxas estão no pico, como hoje. Além disso, neste momento há um ambiente de muita incerteza pela frente.
O quadro no final de 2021 já indicava que o setor entraria em 2022 em desaceleração, com quedas nos lançamentos e vendas de imóveis. A expectativa é de que as vendas de imóveis sejam mais demoradas neste ano, o que pode dificultar ainda mais o setor de construção, que já enfrenta um cenário de financiamento mais difícil em 2023.








