Quando as Americanas, uma das maiores varejistas do país, entrou em recuperação judicial em janeiro, com dívidas declaradas de R$ 43 bilhões, é possível que muitos investidores tenham comprado suas debêntures. No entanto, não é possível estimar quantas debêntures a empresa tinha no mercado, nem quantos investidores foram afetados pela recuperação judicial.
Os debênturistas aparecem indiretamente na lista de credores da empresa, pelo fato de os papéis estarem registrados em nome de instituições financeiras, como o Deutsche Bank (R$ 5,2 bilhões) e o banco Votorantim (R$ 3,3 bilhões). As emissões de debêntures também aparecem no nome das empresas do grupo, como Ame Digital (R$ 975 milhões) e ST Importações (R$ 80,3 milhões).
Na noite de segunda-feira (20), a Americanas entregou o seu plano de recuperação judicial e não fez no documento qualquer menção especial aos debênturistas. Conclui-se que eles terão o mesmo tratamento destinado aos credores quirografários, ou seja, os bancos. Isso significa que os debênturistas terão que seguir as mesmas condições oferecidas aos bancos, caso aprovado o plano de recuperação judicial.
Para os credores quirografários, foram apresentadas as seguintes condições: participar de leilão reverso em até 60 dias após homologação do plano (neste caso, leva o pagamento o credor que oferecer o maior desconto, acima de 70%); ou via parcela única em março de 2043, com desconto de 80% sobre o total da dívida.
Para que o plano seja homologado, a Americanas precisa entrar em acordo com 50% dos credores mais um. A princípio, os credores queriam que os principais acionistas injetassem ao menos R$ 15 bilhões agora, mas aceitaram R$ 12 bilhões. O último aceno do trio de bilionários, uma capitalização de R$ 10 bilhões, é a que consta no plano.
Títulos de crédito
Quando uma empresa busca recursos para expandir suas operações ou fazer investimentos, uma das opções é emitir títulos de crédito, que são vendidos no mercado para investidores interessados. Uma dessas opções são as debêntures, que são títulos de dívida de longo prazo emitidos por empresas com o objetivo de captar recursos.
As debêntures funcionam como um empréstimo, no qual a empresa se compromete a pagar juros e principal ao debenturista ao longo do tempo, seguindo as condições previamente acordadas. Geralmente, as debêntures têm prazo de vencimento de cinco a dez anos e oferecem juros superiores aos pagos por investimentos de renda fixa tradicionais, como títulos públicos e CDBs.









