O economista Gustavo Franco, que presidiu o Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso e atualmente é sócio da Bravo Investimentos, manifestou inquietação sobre o patamar vigente da taxa de juros no Brasil, situado em 13,75%. A decisão sobre a manutenção da taxa Selic deve ser anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no final da tarde desta quarta-feira, 3. O mercado aguarda um comunicado menos austero.
Em matéria publicada pela revista Veja, Franco comentou: “Vamos convergir para uma taxa de juros que não seja nem 2% nem 13,75%, e essa será a nossa normalidade“. Ele defendeu que um indicador adequado para a taxa de juros neutra seria a inflação real, em torno de 6%. “Mas ainda precisamos analisar qual será a melhor fórmula”, ponderou.
Gustavo Franco, que desempenhou papel fundamental na elaboração do Plano Real, destacou a importância da relação entre inflação e juros. Ele ressaltou que os juros não apenas controlam a inflação, mas também a dívida pública. “Se não pagamos juros, não tomamos dinheiro emprestado. A taxa de juros deve ser encarada como uma questão fiscal, relacionada à responsabilidade fiscal, rating e risco”, argumentou.
O economista também fez um alerta sobre a atual situação financeira da União, comparando-a a uma prefeitura, o que colocaria o então prefeito Haddad em posição de domínio. “Trata-se de um ente federativo sem recursos, com despesas muito acima das receitas. Não é possível se endividar ainda mais, imprimir papel… Quando se trata de artimanhas, o Brasil é o Kama Sutra financeiro. Não há nada que não tenhamos experimentado”, afirmou. Franco concluiu salientando que o país não pode mais tolerar práticas ineficazes e contas que não se equilibram.