O Sistema Fecomércio Ceará lançou no final do ultimo mês, o Programa de Compra Direta de Gêneros Alimentícios de Produtores Familiares, que atuam na agricultura, pecuária, piscicultura e carcinicultura, para atender às demandas das unidades do Sesc e do Senac em todo o Estado. Mais de R$ 26 milhões serão destinados às compras, apenas no primeiro ano do programa, contemplando 13 cooperativas credenciadas que representam mais de 150 produtores.
Os produtores – que são das mais diversas regiões do Ceará, incluindo Cariri, Sertão Central, Litoral Oeste/Vale do Curu e Serra da Ibiapaba – estão organizados por meio de cooperativas. Os insumos fornecidos por meio desse programa vão atender ao Hotel Sesc Iparana, restaurantes e clubes recreativos do Sesc, além dos cursos de gastronomia e as empresas-escolas do Senac, como o restaurante Mayú e o Café Senac. Também está previsto o suprimento de gêneros alimentícios para executar oficinas e práticas alimentares a serem realizados nos projetos Povos do Mar, Herança Nativa e Mostras de Cultura, além da criação de menu para eventos institucionais. Vale destacar o atendimento das escolas Educar Sesc, bem como as unidades Sesc Ler, visando o preparo da merenda escolar.
O programa ganha importância quando se observa que a agricultura familiar é responsável por 77% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil, segundo último Censo Agropecuário, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A prática emprega 10 milhões de pessoas, o que corresponde a 67% da força de trabalho ocupada em atividades agropecuárias.
Em extensão de área, a agricultura familiar abrange 80,9 milhões de hectares, o que é equivalente a 23% da área total das propriedades agropecuárias no Brasil.
Em entrevista sobre o assunto, o presidente do Sistema Fecomércio Ceará, Deputado Federal Luiz Gastão Bittencourt fala como surgiu essa ideia e o que ele espera para o futuro da nova iniciativa.
Como surgiu a ideia do Sistema Fecomércio Ceará comprar alimentos diretamente da agricultura familiar?
Sempre tivemos a preocupação com relação às compras para abastecer nossas cozinhas do Sesc e Senac, tanto pelo processo de controle de compras, como também pela qualidade dos alimentos adquiridos e que serão servidos ao nosso público. Para se ter uma ideia, hoje, os Restaurantes Sesc fornecem mais de 12 mil refeições por dia, para os comerciários no Estado. Acredito que essa iniciativa é um passo importante, pois para garantir uma alimentação mais saudável, temos consciência de que precisamos nos aproximar do trabalhador do campo, que é quem produz e, assim, garantimos um produto de qualidade em nossas mesas.
Qual o valor investido pelo Sistema Fecomércio?
Estamos iniciando esse programa com investimento em torno de 30 milhões de reais, só para atender o Sesc e Senac do Ceará. Mas estamos expandindo nossas cozinhas, e deveremos inaugurar novos espaços até o final do ano. Por isso, vamos buscar a partir dessa compra, junto com as cooperativas, agregar também outros segmentos como a Abrasel, ABIH, o Sebrae, supermercados, ampliando esse programa e criando espaços para que esses produtos da agricultura familiar estejam em local de destaque e sejam referenciados.
O projeto pode se tornar uma referência para os demais Sesc e Senac no Brasil?
Da mesma forma que estamos buscando expandir para o Ceará, não tenho dúvidas de que esse programa será replicado em outros Sesc e Senac de outros estados. Quem sabe da mesma forma que o Mesa Brasil se transformou num programa nacional, sendo reconhecido como o maior banco de alimentos do País, o Programa de Compra Direta pode se tornar referência, fazendo com que a agricultura familiar seja valorizada em todo o nosso Brasil. Essa iniciativa traz benefícios tanto para quem vende, no caso os produtores, quanto para nós, que adquirimos os alimentos, não vejo outro caminho senão o do sucesso.
Por que esse programa é positivo para o Sistema Fecomércio?
Não tenho dúvidas que estamos dando talvez o principal passo, que é o de se aproximar toda essa cadeia, não só dos produtores, mas também dos consumidores, que muitas vezes não sabem a procedência dos alimentos que consomem. Para nós, do Sistema Fecomércio, o principal ponto é a certeza de estarmos adquirindo alimentos de qualidade para produzirmos refeições saudáveis.
E para os produtores? O que o programa pode significar para a economia da agricultura familiar?
Os empresários sabem que uma das maiores dificuldades de todo segmento é a certeza da venda garantida. Então, esta garantia ao produtor, de que ele pode produzir, que nós vamos comprar, e que vai ter mercado para ele, é o maior benefício. E a nossa intenção é ampliar esse mercado. Vamos acompanhar não só a legislação, mas o incentivo fiscal e as outras ações que vão seguir em decorrência dessa ação. Eu diria que esse é o primeiro passo de um novo caminho para que possamos valorizar não só ao produtor, mas a qualidade do alimento que chega até nossa mesa.