É consenso entre empresários, economistas e políticos que o Brasil está estrategicamente posicionado para liderar a transição global para uma economia mais sustentável. No entanto, o histórico do país em desperdiçar oportunidades tem sido uma barreira significativa. Um dos principais obstáculos é a baixa competitividade brasileira.
Um estudo recente divulgado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), em colaboração com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), revelou que o temido “Custo Brasil”, que representa despesas adicionais para as empresas brasileiras em comparação com os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), atingiu a marca de R$ 1,7 trilhão em 2021, equivalente a 19,5% do Produto Interno Bruto (PIB) naquele ano.
Jorge Gerdau, presidente do conselho superior do MBC, enfatiza o atraso estrutural do Brasil em relação aos países desenvolvidos. Ele destaca a importância da adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para impulsionar o país nessa direção. No entanto, ressalta que o Brasil precisa agir rapidamente para não perder esta oportunidade, assim como ocorreu no passado com a produção de alumínio.
Patrícia Ellen, cofundadora da consultoria AYA Earth Partners, acredita que o valor agregado pode ser a chave para transformar a economia brasileira, especialmente considerando a posição do Brasil como líder em commodities. No contexto da transição energética, o país já possui uma vantagem significativa como produtor natural de energia limpa, o que poderia atrair investimentos de multinacionais de países desenvolvidos.
João Paulo Resende, assessor especial do Ministério da Fazenda, destaca o potencial do Brasil como a “Arábia Saudita da energia limpa” e menciona o papel crucial do etanol na transição energética. Ele enfatiza a necessidade de investir em fontes de energia limpa para atender à crescente demanda global.
Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, aborda os desafios enfrentados pela indústria siderúrgica brasileira, incluindo a concorrência do aço chinês e a desaceleração da demanda interna. Ele destaca a importância da descarbonização para a sustentabilidade do setor. Por fim, Andrea Álvares, vice-presidente de inovação e sustentabilidade da Natura, ressalta a necessidade de políticas concretas de incentivo à preservação, incluindo o pagamento por serviços ambientais e o mercado de carbono. Ela destaca a importância de definir serviços, remuneração e estruturação do mercado para impulsionar a sustentabilidade no país.