O mercado de crédito bancário, cada vez mais restritivo nos últimos anos, tem impulsionado as empresas brasileiras a procurarem alternativas para financiamento. Entre estas, o crédito mercantil, obtido junto a fornecedores para adiar o pagamento de produtos e serviços, se destaca. Até o final de 2022, esta modalidade representava 39,2% do total de crédito empresarial, marcando o maior índice desde o pico de 41% em 2018.
Contexto econômico e impacto
Este crescimento do crédito mercantil ocorre em um cenário de inflação elevada e juros em alta, forçando as instituições financeiras a adotarem critérios mais rigorosos na concessão de crédito. “É o atacado financiando o varejo, e a indústria financiando tanto o atacado quanto o varejo”, explica Luiz Rabi, economista da Serasa Experian e responsável pelo estudo. As empresas, necessitando manter um nível de endividamento para suas operações, encontram no crédito mercantil uma solução viável.
Análise da Serasa Experian sobre o crédito mercantil
A análise realizada pela Serasa Experian, baseada nos balanços de aproximadamente 80.000 empresas brasileiras, evidencia um primeiro ciclo de aumento do crédito mercantil desde o período de 2013 a 2018. A expectativa é que essa tendência tenha se mantido em 2023, ainda que os dados finais dependam da divulgação dos resultados anuais.
Perspectivas para 2024
Com a redução das taxas de juros e os primeiros sinais de queda na inadimplência, o crédito bancário pode voltar a expandir. “Não vemos muitos obstáculos para que o crédito bancário possa voltar a ter um crescimento mais próximo de dois dígitos”, projeta Rabi.
Setores líderes em crédito mercantil
O comércio atacadista lidera em proporção de crédito mercantil, seguido pelo varejista, indústria de bens intermediários, indústria de bens de capital e serviços de telecomunicações. Por outro lado, setores como energia elétrica, construção civil, e agricultura apresentam participações menores nesta modalidade de crédito.