Nos próximos dias, Miguel Gutierrez, o ex-presidente da varejista Americanas, se prepara para seu segundo depoimento perante o comitê independente da empresa. Este comitê foi estabelecido para investigar as alegações de fraudes contábeis que assolaram a companhia. Gutierrez, que agora vive em Madri, falou pela primeira vez em janeiro deste ano. Ele será ouvido pelo presidente do comitê, Otávio Yasbek, designado pelo conselho de administração da Americanas.
Gutierrez liderou a Americanas por duas décadas até a posse de Sergio Rial, momento em que as discrepâncias financeiras vieram à tona. Segundo Lauro Jardim, colunista do “O Globo”, Gutierrez é peça central em uma das investigações da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre o caso, com expectativa de conclusão em maio.
No ano passado, Gutierrez enviou uma carta à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados, instaurada para examinar o prejuízo bilionário da empresa. Ele criticou a suposta parcialidade do comitê independente e se descreveu como um “bode expiatório” nas investigações. Na carta, acusou diretamente os principais acionistas da empresa e seu sucessor, Rial, de manipular informações financeiras.
A Americanas anunciou, em 11 de janeiro de 2023, irregularidades contábeis de aproximadamente R$ 20 bilhões, resultando em dívidas que ultrapassam os R$ 40 bilhões. A revelação causou a saída imediata de Sergio Rial e André Covre, diretor de relação com investidores, apenas nove dias após assumirem seus cargos.
A resposta do comitê à carta de Gutierrez enfatizou sua independência e metodologia própria para condução de entrevistas, negando qualquer recusa em ouvir o ex-executivo. Essa situação destaca os desafios enfrentados pela Americanas em lidar com as consequências das acusações de fraudes contábeis e os esforços para restabelecer a confiança de investidores e consumidores.
Enquanto Gutierrez se prepara para mais um depoimento, a comunidade financeira e o mercado varejista aguardam mais desenvolvimentos sobre o caso, que promete trazer novas revelações e possivelmente apontar os caminhos para a recuperação da Americanas.
