A indústria do café tem enfrentado problemas relacionados ao impacto ambiental de suas operações, especialmente quanto às emissões de carbono durante o processo de torra dos grãos. Grandes fabricantes de café, tanto no Brasil quanto no exterior, estão adotando medidas para substituir o uso convencional de gás por alternativas mais sustentáveis.
Segundo Thomas Koziorowski, diretor de tecnologia da Probat, líder mundial na fabricação de torradores de café, há um movimento crescente na busca por tecnologias que melhorem a eficiência energética. Essas mudanças visam a redução das emissões de carbono no setor de café e são críticas para enfrentar as emissões de carbono.
A Probat, que fornece equipamentos para grandes empresas brasileiras como 3 Corações, Melitta e JDE, percebe um aumento no interesse por soluções que impactem positivamente o meio ambiente. Maximilian Josef Meyknecht, CEO da Leogap, também do grupo Probat e sediada em Curitiba, reforça essa percepção ao atender às demandas da indústria nacional.
Atualmente, a maioria dos processos de torra do café utiliza propano ou gás natural. Com a crise energética agravada pela Guerra na Ucrânia, principalmente na Europa, o debate sobre o uso de combustíveis fósseis intensificou-se. Isso impulsionou uma busca maior por alternativas renováveis e soluções para reduzir emissões do café, incluindo a busca por tecnologias que ajudem a reduzir as emissões de carbono.
A torra do café, apesar de não ser a principal fonte de emissões na cadeia produtiva, ainda apresenta oportunidades para aprimoramento em relação às emissões de carbono. Há espaço para implementar soluções que tornem essa etapa mais sustentável e eficiente. Estudos indicam que o cultivo dos grãos é o que mais emite gases de efeito estufa, correspondendo a 40% a 80% do total de emissões durante o ciclo de vida do café. As práticas de mecanização, irrigação e uso de fertilizantes são as principais fontes de emissão nessa fase.
Outro ponto crítico é o transporte do café para os principais mercados consumidores, como Estados Unidos e Europa, que não produzem o grão e dependem de importações de regiões distantes como África e América Latina, contribuindo para as emissões do café, principalmente quando consideramos as emissões de carbono.
No Canadá, a inovação também aparece como solução. A Café William investiu US$ 47 milhões em uma nova fábrica, incluindo US$ 19 milhões em tecnologias de eficiência energética. O destaque é um torrador 100% elétrico da Neuhaus Neotec, contribuindo para a redução das emissões. Além disso, a empresa busca minimizar as emissões de transporte utilizando um barco a vela para frete marítimo, transportando café da Colômbia para a América do Norte. Essa abordagem visa a redução das emissões de carbono associadas ao transporte.
Esse projeto piloto, que inicialmente envolveu cinco contêineres de café, será expandido para 50 contêineres em uma viagem planejada para outubro deste ano. Este é um passo significativo na redução das emissões associadas ao transporte de café, em particular as emissões de carbono.