Os planos de saúde coletivos sofreram um reajuste médio de 15% entre dezembro de 2023 e fevereiro de 2024, marcando o terceiro ano consecutivo de aumentos de dois dígitos, de acordo com a análise da XP Investimentos e dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em 2023, o incremento médio alcançou 14,38%, acima dos 11,54% de 2022.
Sinistralidade e impacto nos preços
A XP destaca a “precificação mais agressiva” como resposta à crescente sinistralidade, que atingiu 87% em 2023. Este indicador mostra a proporção do valor das despesas assistenciais em relação às receitas das operadoras, sinalizando pressão sobre as margens financeiras. Grupos como SulAmérica, Bradesco Saúde e Amil registraram sinistralidade acima de 90%.
Aumento em planos de saúde coletivos: distribuição e regulação
A ANS regula diretamente os reajustes dos planos individuais e familiares, tendo estabelecido um aumento de 9,6% em 2023. Por outro lado, os planos coletivos, que representam 70% do setor e são predominantemente empresariais ou por adesão, têm seus reajustes determinados pelas próprias operadoras em acordo com as empresas ou entidades contratantes.
Estratégias das operadoras
Diante da escalada de custos, as operadoras têm adotado estratégias para mitigar os aumentos, como a revisão de contratos, a adoção de modelos de remuneração variável e a redução da rede de prestadores. Marcio Tosi, diretor da It’sSeg, menciona que o reajuste médio em sua carteira variou de 34,3% no início de 2023 para 20,2%, indicando uma adaptação ao cenário desafiador.
Perspectivas e projeções futuras
A expectativa dos especialistas é que os reajustes elevados continuem em 2024, impulsionados pela retomada de atendimentos após a pandemia e pela incorporação de novas tecnologias. O relatório também contrasta a situação dos planos odontológicos, que mantêm aumentos em um dígito, exemplificando com a Odontoprev, que registra os menores aumentos.
Declarações institucionais e projeções regulatórias
“As despesas estão subindo no nível mais rápido da História. Operamos no prejuízo. A mensalidade não está pagando o custo do produto. Somos o país de maior desperdício do setor no mundo”, afirma Marcos Novais, superintendente executivo da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). Em resposta, a ANS planeja aprimorar a transparência nos reajustes de planos coletivos até 2025, com propostas como a padronização da memória de cálculo.
Novais enfatiza a necessidade de controlar e reduzir custos, fraudes e desperdícios, o que envolve uma revisão das regulamentações. Ele também admite a importância de aprimorar a gestão, implementar protocolos adequados para atendimento e utilização da rede, além de fundamentar as discussões com mais rigor técnico e científico. Operadoras como Bradesco Seguros e Amil destacam a necessidade de reajustes para manter o equilíbrio econômico-financeiro, citando a alta sinistralidade como um fator crítico.








