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Dívidas do agro: as 10 maiores recuperações judiciais somam R$ 5 bi

Crise e alta de juros impactam recuperações judiciais

Dívidas do agro
(Foto: Dietmar Reichle/Unsplash).
Dívidas do agro
(Foto: Dietmar Reichle/Unsplash).

O setor do agronegócio brasileiro, após um longo período de prosperidade, enfrenta um momento de adversidade com um total de dívidas em recuperação judicial (RJ) que alcança cerca de R$ 5 bilhões. As dez maiores dívidas de empresas do setor, que estão sob o processo de RJ, representam principalmente esse valor, conforme o levantamento que o Diamantino Advogados Associados realizou.

Diversos fatores impulsionam dívidas no agro, incluindo a influência do El Niño e a inflação dos insumos. A queda nos preços das commodities e a persistência de juros elevados também contribuem para a situação.

O contexto econômico atual sugere um aumento nos pedidos de RJ no decorrer deste ano, segundo Eduardo Diamantino, sócio do Diamantino Advogados Associados. “A depreciação no mercado de commodities e o ciclo de baixa no agronegócio impulsionam esse crescimento”, explicou Diamantino.

Principais recuperações judiciais

As maiores recuperações judiciais do setor incluem a Sperafico Agroindustrial, com uma dívida de R$ 1,07 bilhão, e a Usina Maringá, acumulando R$ 1,02 bilhão. Outros casos notáveis são a Elisa Agro, com uma dívida de R$ 664,8 milhões, e a Usina Açucareira Ester, que possui R$ 651,7 milhões em dívidas. Ambas também afetadas pela pandemia e consequências da guerra na Ucrânia.

 

As dificuldades do setor são acentuados por uma queda nos preços das commodities e um aumento nos custos que não recuaram proporcionalmente, de acordo com Douglas Bassi, sócio da consultoria Virtus BR Partners. “As empresas tomaram empréstimos com juros baixos há anos, visando investimentos, mas agora enfrentam uma realidade de custos elevados e preços baixos”, afirmou Bassi.

Rodrigo Quadrante, sócio do Leite, Tosto e Barros Advogados, também observou um crescimento nas recuperações judiciais no campo. Especialmente devido aos impactos do El Niño e à inflação dos insumos. “A tendência é de aceleração nos pedidos de RJ no segundo semestre”, ressaltou Quadrante.

As dificuldades se estendem para pequenas e médias empresas, principalmente aquelas com faturamento até R$ 100 milhões, que encontram maior restrição no acesso a crédito. Por outro lado, companhias maiores listadas na bolsa brasileira, como SLC Agrícola, BrasilAgro e 3tentos, possuem mais facilidades em acessar recursos via mercado de ações ou emissão de debêntures.

A análise da Serasa Experian mostra que houve um salto nos pedidos de RJ em 2023. No total, 321 empresas do setor solicitaram o processo, representando um aumento de 82% em relação ao ano anterior. Esse número inclui desde agroindústrias até serviços de apoio à agropecuária.