A Mater Dei anunciou, na última quarta (29), a venda de 70% do Hospital Porto Dias, em Belém, por R$ 410 milhões. A família Porto Dias, fundadora da unidade, readquiriu a participação que havia vendido em 2021.
Nesse contexto, a venda do Hospital Porto Dias reduzirá a alavancagem da Mater Dei de 1,9 para 1,4 vezes o Ebitda. A transação trará, portanto, um alívio financeiro significativo ao grupo.
Impacto da transação
Embora a venda represente uma perda financeira de R$ 190 milhões, a Mater Dei espera reduzir o prazo de recebimento de pagamentos em 19 dias. Os atrasos nos pagamentos pelos serviços hospitalares em Belém foram um fator crucial para a decisão.
Além disso, a taxa de juros elevada e os atrasos nos pagamentos das operadoras de planos de saúde pressionaram o setor hospitalar. José Henrique Salvador, CEO da Mater Dei, afirmou que a decisão foi estratégica para enfrentar esses desafios.
Histórico de aquisições
Entre 2020 e 2022, a Mater Dei investiu R$ 1,77 bilhão em cinco aquisições. Com a venda do Hospital Porto Dias, a rede passa a contar com nove unidades hospitalares. A construção do Mater Dei Nova Lima está em fase final, e um novo hospital está sendo desenvolvido em São Paulo.
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Futuro da Mater Dei
A venda do hospital é parte de um movimento maior de ajustes no setor hospitalar. Bradesco Seguros e Rede D’Or anunciaram a criação da Atlântica D’Or, enquanto a Dasa e a Oncoclínicas também realizaram movimentações estratégicas recentemente.
Investidores, assim, veem aspectos positivos na venda do hospital, apesar da perda financeira. A expectativa é de que a operação traga benefícios financeiros no terceiro trimestre de 2024.
Desempenho no 1T24
A Mater Dei encerrou o primeiro trimestre de 2024 com R$ 241,6 milhões em caixa, uma queda de 26,3% em relação ao ano anterior. A dívida líquida cresceu 13,4%, atingindo R$ 1,02 bilhão. A venda do hospital deve reduzir o endividamento em 40%.
Comunicado a investidores
Em nota aos investidores, a empresa afirmou: “A conclusão e fechamento da Operação estão sujeitos à verificação de determinadas condições precedentes, incluindo a obtenção de todas as aprovações regulatórias necessárias, inclusive do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), e a aprovação dos acionistas da Companhia, reunidos em Assembleia Geral a ser convocada oportunamente, para o recebimento e o imediato e simultâneo cancelamento do número de Ações Mater Dei necessário, conforme o disposto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e Resolução da CVM n° 77, de 29 de março de 2022, conforme alteradas (“Assembleia Geral”).”