Antes da aguardada oferta pública inicial (IPO), a Shein, gigante do fast fashion, ajustou para cima os preços de produtos essenciais. Este aumento, que atinge mais de um terço em alguns itens, visa fortalecer as receitas da empresa no contexto de uma expansão de mercado.
Conforme uma análise da EDITED, empresa de pesquisa com sede em Londres, Shein apresentou um aumento nos preços superior ao de concorrentes como H&M e Zara. Nos Estados Unidos, o preço médio de um vestido da Shein escalou 28% em relação ao ano anterior. Este valor, US$ 28,51, ainda está abaixo dos valores praticados pela H&M (US$ 40,97) e Zara (US$ 79,69).
A Shein explora um modelo de negócio centrado em um marketplace online que comercializa ampla variedade de mercadorias, com ênfase em vestuário feminino. A empresa recorre a uma rede de fornecedores, principalmente na China. Esses fornecedores se adaptam rapidamente à demanda, possibilitando um aumento escalável da produção.
Alta de preços na estratégia global
No Reino Unido, o preço médio de um vestido no site da Shein subiu para 24,12 libras, um aumento de 15% em relação ao ano passado. A mesma tendência se verifica na França, Alemanha, Itália e Espanha, onde o preço médio aumentou 36%.
Esta política de aumento de preços não apenas reflete a estratégia da Shein de incrementar margens de lucro, ela também se alinha com os preparativos para a listagem no mercado de ações. A Coresight Research projeta que a receita da empresa possa atingir cerca de US$ 50 bilhões este ano. Isso marca um salto de 55% em relação ao ano anterior.
Erik Lautier, especialista em comércio eletrônico da consultoria AlixPartners, ressaltou o bom momento da empresa. Ele destacou como isso pode beneficiar seus planos de IPO. Além disso, a Shein enfrenta novos desafios regulatórios, especialmente na União Europeia. As novas leis sobre plataformas online podem aumentar as despesas operacionais.
A listagem da Shein na Bolsa de Londres é vista como um possível catalisador para o reaquecimento do mercado global de IPOs. Gabriel Caillaux, copresidente da General Atlantic, destacou esse ponto. No entanto, preocupações com as práticas de ESG (ambiental, social e governança) da empresa têm sido um ponto de controvérsia. Grandes gestores expressam cautela.
Richard Buxton, gestor de fundos de ações, expressou suas reservas: “Embora a bolsa de Londres possa estar satisfeita em atrair uma listagem de tal magnitude, as incertezas sobre ESG e outros fatores podem dificultar o apoio de muitos gestores de ativos do Reino Unido a este IPO.”
