Nesta quarta-feira (19), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) optou pela manutenção da Taxa Selic em 10,5% ao ano. Este posicionamento encerra uma sequência de cortes que começou em agosto do ano anterior, quando a Selic estava em 13,75%. O ex-banqueiro Geldo Machado, presidente do Sindicato das Sociedades de Fomento Mercantil Factoring (SINFAC) para os estados do Ceará, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte, analisou os efeitos dessa decisão na economia brasileira.
Impactos Econômicos e Inflação
“A manutenção da Selic foi decisão técnica, não política”, comentou Geldo Machado em entrevista exclusiva ao Economic News Brasil. O cenário atual, com indicadores econômicos preocupantes e uma inflação persistente, exigiu cautela do BC. “A economia mostra sinais de dinamismo inesperado, mas a inflação subjacente ainda está acima da meta”, acrescentou.
O BC justificou a decisão apontando que a atividade econômica e o mercado de trabalho estão mais robustos do que se previa. No entanto, a inflação ao consumidor, apesar de apresentar desinflação, continua alta em áreas fundamentais.
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Conflitos Políticos e Pressões
A decisão pela manutenção da Selic ocorre em meio a tensões políticas, especialmente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Roberto Campos Neto, presidente do BC. “O presidente Lula criticou duramente Campos Neto, especialmente após declarações político-partidárias”, observou Machado. Recentemente, Campos Neto expressou interesse em assumir o Ministério da Fazenda em um eventual governo de Tarcísio de Freitas em 2026, o que aumentou a tensão.
Machado destacou que o Copom resistiu às pressões políticas, mantendo um foco técnico. “O BC precisa manter sua autonomia para garantir a estabilidade econômica”, comentou.
Perspectivas Inflacionárias para 2024
Geldo Machado mostrou preocupação com a inflação. “O IPCA de maio subiu 0,46%, impulsionado pelos alimentos, especialmente após as enchentes no Rio Grande do Sul”, disse. Com um acumulado de 3,93% em 12 meses, a meta de inflação para 2024 permanece em 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
O relatório Focus, do Banco Central, revela que as expectativas inflacionárias aumentaram. “O mercado está cético sobre a capacidade do governo de cumprir as metas fiscais e controlar os gastos”, destacou Machado.
Influência da Selic no Crédito e Consumo
A taxa Selic influencia diretamente os juros de empréstimos, financiamentos e investimentos. “Juros elevados encarecem o crédito, dificultando a expansão econômica, mas incentivam a poupança”, explicou Machado. A redução da Selic poderia baratear o crédito, impulsionando produção e consumo, mas o BC precisa equilibrar isso com o controle da inflação.
As próximas reuniões do Copom estão programadas para 30 e 31 de julho, 17 e 18 de setembro, 5 e 6 de novembro e 10 e 11 de dezembro. “O BC deve continuar monitorando os dados econômicos para ajustar a política monetária conforme necessário”, finalizou Machado.
Recomendações e Expectativas Futuras
Para Geldo Machado, a manutenção da Selic foi uma decisão prudente, mas que não resolve todos os desafios. “O BC precisa estar atento aos sinais econômicos para evitar uma escalada inflacionária ou uma desaceleração excessiva”, sugeriu. Além disso, ele acredita que políticas fiscais e econômicas mais robustas são necessárias para sustentar o crescimento.
“A economia brasileira enfrenta muitas incertezas, e a gestão eficiente da política monetária será crucial nos próximos meses”, concluiu Geldo Machado, enfatizando a importância de um equilíbrio entre crescimento e controle da inflação.
Confira AQUI nota do Banco Central sobre a decisão de manter a taxa Selic.
Rendimentos com a Selic a 10,50%
Geldo Machado destaca quanto o investidor pode ganhar ao investir em renda fixa com a Selic a 10,50%.
Comparação dos Investimentos
- Poupança: Rendimento fixo de 7,47% ao ano, independente do período.
- CDB de Banco Grande (90% do CDI): Rendimento variando entre 7,25% e 7,96%, aumentando conforme o período de investimento.
- CDB de Banco Médio (110% do CDI): Maior rendimento entre as opções, variando de 8,87% a 9,72%.
- Fundos DI (taxa de administração de 0,50%): Rendimentos entre 8,06% e 8,84%, dependente do tempo de aplicação.
- Tesouro Selic (taxa de custódia de 0,20%): Retornos variando de 7,91% a 8,67%, ajustados conforme o tempo investido.
Análise sobre os investimentos
Geldo Machado também avaliou os rendimentos dos investimentos em renda fixa com a Selic a 10,50%. “Os investimentos em CDBs de bancos médios e fundos DI mostram os melhores retornos, especialmente para prazos mais longos”, comentou Machado. Ele destacou que os CDBs de bancos médios, com rendimento variando de 8,87% a 9,72%, são a opção mais atrativa.
Machado também apontou a importância de considerar o perfil de risco do investidor e as condições do mercado na escolha do investimento. “Embora a poupança ofereça um rendimento fixo de 7,47% ao ano, outras opções como os CDBs de bancos grandes e fundos DI podem proporcionar melhores retornos dependendo do período de aplicação”, analisou o presidente do SINFAC (CE.PI.MA.RN).
Além disso, o Tesouro Selic, com retornos entre 7,91% e 8,67%, apresenta-se como uma opção segura e eficiente. “O Tesouro Selic é uma boa escolha para quem busca segurança e liquidez, mas é fundamental estar atento às taxas de custódia”, ressaltou Machado.
Concluindo, Geldo Machado enfatizou a necessidade de uma análise cuidadosa antes de investir. “Os rendimentos variam de acordo com o tipo de investimento e o período de aplicação. É essencial que o investidor avalie seu perfil de risco e as condições econômicas para tomar a melhor decisão”, concluiu.