O real está entre as cinco moedas que mais perderam valor frente ao dólar em 2024. Isso é evidenciado pelos dados recolhidos pela Austin Rating e pelo Banco Central do Brasil (BC). Este ano, a moeda brasileira ultrapassou as da Argentina e do Japão. Agora, ocupa a quinta posição entre 118 países avaliados, com uma desvalorização acumulada de 11,4% até agora.
Além disso, o real se viu afetado por diversas expectativas externas. Inclui-se aqui as mudanças na política de juros dos Estados Unidos e preocupações com a situação fiscal do Brasil. Portanto, as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Brasil ganham destaque. Na última reunião, o Copom optou por manter a taxa Selic estável, refletindo as incertezas do mercado quanto ao futuro econômico nacional.
Moedas em melhor e pior situação
Notadamente, a moeda nigeriana apresentou a maior queda frente ao dólar em 2024, com uma desvalorização de 41,3%, sendo a moeda mais desvalorizada do mundo. Moedas do Egito e do Sudão do Sul também sofreram quedas. Em contrapartida, a moeda do Quênia demonstrou a maior valorização, aumentando 22,1% em relação ao dólar.
Ranking de desvalorização das moedas
Confira as moedas mais desvalorizadas frente ao dólar até junho de 2024:
1 – Nigéria (Naira/Nigéria): -41,30%
2 – Egito (Libra/Egito): -35,20%
3 – Sudão do Sul (Libra Sul Sudanês): -29,90%
4 – Gana (Cedi Gana): -20,90%
5 – Brasil (Real Brasil): -11,40%
6 – Argentina (Peso Argentino): -10,80%
7 – Japão (Iene): -10,40%
8 – Turquia (Lira Turca): -9,20%
9 – México (Peso/México): -7,90%
10 – Colômbia (Peso/Colômbia): -7,10%
11 – Bangladesh (Taca/Bangladesh): -6,80%
12 – Tailândia (Bath/Tailândia): -6,30%
13 – Ucrânia (Hryvnia Ucrânia): -6,20%
14 – Hungria (Forint/Hungria): -6,10%
15 – Indonésia (Rúpia/Indonésia): -5,90%
16 – Coreia do Sul (Won Coreia Sul): -5,90%
17 – Maurício (Rúpia/Maurício): -5,60%
18 – Filipinas (Peso/Filipinas): -5,60%
19 – Taiwan (Novo Dólar/Taiwan): -5,40%
20 – Suíça (Franco Suíço): -5,20%
21 – Chile (Peso Chile): -5,00%
22 – Vietnã (Dongue/Vietnã): -4,60%
23 – Tanzânia (Xelim/Tanzânia): -4,40%
24 – Geórgia (Lari Georgia): -3,90%
25 – Suécia (Coroa Sueca): -3,70%
26 – Noruega (Coroa Norueguesa): -3,70%
27 – República Tcheca (Coroa Tcheca): -3,50%
28 – Seicheles (Rúpia/Seicheles): -3,40%
29 – Peru (Novo Sol/Peru): -3,40%
30 – Canadá (Dólar Canadense): -3,30%
Dinâmica do Dólar
Alterações nas expectativas do Federal Reserve (Fed) quanto aos juros nos Estados Unidos são decisivas. Um mercado de trabalho aquecido nos EUA posterga cortes de juros, fortalecendo o dólar em detrimento de moedas de países emergentes. Assim, o real enfrenta desafios adicionais.
Balança comercial brasileira
A balança comercial do Brasil também reflete essas mudanças. A piora nesse indicador influencia diretamente a cotação do dólar. Em 2023, o saldo comercial brasileiro foi recorde, alcançando US$ 98 bilhões. A redução da demanda internacional, junto às variações nos juros dos EUA, afeta diretamente a liquidez global e o valor do real.
Projeções e política fiscal
Mudanças nas projeções fiscais do Brasil, anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também são consideradas. A nova previsão de déficit zero para 2025 sugere um aumento potencial de gastos públicos.
Recentemente, declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a política monetária do Banco Central do Brasil e seu presidente, Roberto Campos Neto, geraram reações negativas no mercado, elevando a cotação do dólar.
Contexto internacional de conflitos
Por fim, o aumento de conflitos internacionais, como os entre Irã e Israel, eleva os receios de uma desestabilização mais ampla no Oriente Médio. Visto que, isso faz com que o dólar se mantenha como um refúgio seguro, valorizando-se frente a moedas de mercados emergentes como o Brasil.









