A desvalorização nos preços do milho, protagonista no mês junino, após anos de alta, está fomentando o mercado de biocombustíveis, de acordo com um estudo recente do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). A queda marca uma inversão na tendência de elevação persistente observada nos últimos períodos.
Dados do FGV IBRE indicam que entre junho de 2023 e maio de 2024, os preços do milho em conserva, fubá de milho e milho de pipoca registraram reduções de 1,41%, 2,86% e 6,64%, respectivamente. Apesar de não compensarem completamente os aumentos superiores a 30% no ano anterior, essas quedas acompanham uma diminuição também observada nos indicadores de mercado da ESALQ/BM&FBovespa.
Expansão da produção de etanol a partir do milho
Paralelamente à redução de preços, observa-se um crescimento no setor de etanol. O Balanço Energético Nacional (BEN) de 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), aponta que o milho representou 16% da produção de etanol no país neste ano, um aumento relevante comparado a 2021.
“O incremento na produção de milho, especialmente destinado à segunda safra para a fabricação de etanol, tem sido fundamental para esse crescimento. O milho possui vantagens, como adaptabilidade a regiões fora do eixo tradicional da cana-de-açúcar e facilidade de armazenamento. Isso permite a utilização contínua durante o ano.”, explicou o MME.
Avanços industriais
O setor industrial tem expandido a capacidade de produção de etanol de milho. André Rocha, presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol do Estado de Goiás (Sifaeg), ressaltou as adaptações nas usinas que começaram a incorporar o milho em seus ciclos produtivos. “As chamadas unidades flex aproveitam o milho durante a entressafra da cana. Isso permite não apenas uma utilização mais eficiente das plantas, mas também o aproveitamento do bagaço como fonte de energia”, detalhou Rocha.
Ele acrescentou: “A inclusão do milho na fabricação de etanol diversificou as matérias-primas e estimulou o aumento da produção agrícola do grão, especialmente em regiões como Mato Grosso. Isso garantiu que a demanda das usinas de etanol não interferisse na disponibilidade de milho para o setor alimentício.”
Os preços do milho estão em baixa e seu uso na produção de etanol tem aumentado. As expectativas são positivas para que o Brasil continue a consolidar sua posição no mercado global de biocombustíveis. Esse desenvolvimento não apenas fortalece a economia agrícola, mas também contribui para um futuro energético mais sustentável e diversificado.