O cancelamento de planos de saúde entre jovens de 20 a 29 anos tem sido uma tendência crescente desde 2020, quando a pandemia de COVID-19 começou a impactar a economia e a percepção dos consumidores sobre seguridade social. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam que mais de 12 milhões de pedidos de cancelamento foram feitos por jovens nessa faixa etária desde então.
A saída dos jovens do mercado de planos de saúde tem implicações diretas para a sustentabilidade do setor. Nesse sentido, o mercado de seguros de saúde no Brasil enfrenta um quadro de estagnação. Segundo especialistas, o número de vidas seguradas aumentou apenas de 50 milhões em 2014 para 51 milhões em 2024, indicando pouca competitividade e crescimento. São necessárias, portanto, reformas legais para revitalizar o setor e atrair mais beneficiários nos próximos anos.
Cancelamento de planos de saúde se deve a mudança de percepção
Analistas apontam ainda que as novas gerações não veem os benefícios de adquirir seguros de saúde da mesma forma que as gerações anteriores. Nesse sentido, a falta de entendimento sobre o seguro como uma ferramenta de investimento contribuiria para essa tendência.
Além disso, os números revelam uma tendência alarmante: entre janeiro e abril de 2024, foram registrados 540.241 cancelamentos de planos de saúde entre jovens de 25 a 29 anos. Entre 2021 e 2023, os cancelamentos variaram entre 1,64 milhão e 1,62 milhão, enquanto em 2020, o número foi de 1.388.384. Nos planos de saúde odontológicos, o aumento é alto, com 1.186.610 cancelamentos em 2020 e 1.424.701 em 2023. Nos primeiros quatro meses de 2024, já ocorreram 472.278 pedidos de cancelamento.
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Fatores desencorajadores e reajuste da ANS
Os altos custos e as variações de preço são fatores que desestimulam a adesão aos seguros de saúde. Fatores como sexo, local de moradia, eventos da natureza e idade do segurado influenciam os preços.
Nesse mesmo aspecto, a ANS limitou, no início do mês, a 6,91% o reajuste anual dos planos de saúde individuais e familiares para o período entre maio de 2024 e abril de 2025. Este ajuste impacta quase 8 milhões de beneficiários, representando 15,6% dos consumidores de planos de saúde no Brasil. O diretor-presidente da ANS, Paulo Rebello, explica que o índice reflete a variação das despesas assistenciais em 2023 comparado a 2022, influenciadas pelo aumento dos custos dos procedimentos e frequência de uso dos serviços de saúde.
Metodologia de reajuste
A metodologia utilizada pela ANS para calcular o reajuste combina a variação das despesas assistenciais com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), excluindo o subitem Plano de Saúde. Esta abordagem garante transparência e previsibilidade para os consumidores.