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Trancado a ‘sete chaves’: o que está por trás da alta do azeite?

Um item de luxo nos supermercados

Entenda porque supermercados estão 'trancando' azeite. (Foto: Jonathan Ocampo/Unsplash)
Entenda porque supermercados estão 'trancando' azeite. (Foto: Jonathan Ocampo/Unsplash)
Entenda porque supermercados estão 'trancando' azeite. (Foto: Jonathan Ocampo/Unsplash)
Entenda porque supermercados estão 'trancando' azeite. (Foto: Jonathan Ocampo/Unsplash)

A alta do preço do azeite de oliva no último ano chegou a 49,42%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em maio. Esta variação coloca o azeite de oliva como a quarta maior inflação registrada nos últimos 12 meses, ficando atrás apenas da cebola (86,13%), tangerina (58,02%) e batata-inglesa (57,94%).

A principal causa dessa variação de preços é a terceira estiagem consecutiva na Espanha, maior produtora mundial de azeite de oliva. Esse fenômeno climático severo tem afetado diretamente a produção e o preço do azeite, que se tornou um artigo de luxo tanto na Europa quanto no Brasil. Em países como a Espanha, onde o preço por litro já alcança cerca de R$ 41,00, a crise também levou supermercados a adotarem medidas drásticas de segurança, como trancar os recipientes de azeite.

Impacto no mercado brasileiro

No Brasil, o cenário não é diferente. Em dezembro de 2022, o preço dos azeites era em torno de R$ 27, conforme pesquisa do Procon-SP. Já no ano seguinte, esse valor subiu para R$ 42 e, atualmente, dificilmente se encontra azeite de oliva por menos de R$ 49. Supermercados das redes Extra e Pão de Açúcar, por exemplo, começaram a usar lacres antifurto em suas garrafas de azeite, medida implementada há cerca de cinco meses para evitar prejuízos causados por furtos. Já a rede Mambo, em São Paulo, optou por aumentar o número de seguranças para evitar a mesma prática.

Em um mercado de Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro, a solução foi trancar as garrafas de azeite a chave. Para adquirir o produto, é necessário que os clientes chamem um funcionário. Bares e restaurantes também estão sentindo o peso dessa alta nos preços. Joaquim Saraiva, diretor da AbraselSP (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de São Paulo), comenta que os estabelecimentos não estão repassando o aumento de custos aos clientes para não perderem competitividade. Entretanto, eles precisam encontrar alternativas criativas, como substituir o azeite por composições com limão e outros ingredientes em alguns pratos.

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A questão da qualidade e falsificação

Mikaela Paim, sommelière de azeites, alerta para o aumento da falsificação de azeites no mercado, um problema que coloca em risco a saúde dos consumidores. Ela recomenda atenção especial à composição dos rótulos e à busca pelo azeite extra virgem, o mais benéfico à saúde. A sommelier destaca que azeites falsificados podem ser identificados por odores e sabores estranhos, além de uma alta acidez.

Perspectivas para o futuro

Especialistas do setor não veem uma redução nos preços do produto no curto prazo, projetando que os valores permanecerão elevados pelos próximos dois anos. O Brasil, que consome cerca de 100 milhões de litros de azeite por ano, depende majoritariamente de importações devido à sua baixa produção interna. Isso representa apenas 0,6% da demanda total. Esta dependência torna o mercado brasileiro vulnerável a instabilidades externas.