A Justiça decretou a falência da Manlec, uma das mais tradicionais redes varejistas de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Fundada em 1953, a empresa atravessava uma grave crise financeira há anos, resultando na recuperação judicial iniciada em 2014. Apesar dos esforços para reverter a situação, a Justiça concluiu que a Manlec não tinha mais condições de operar, decretando a falência definitiva em 2017.
Fundada por Atílio Manzoli e Felipe Lechtman em 1953, no bairro Bom Fim de Porto Alegre, a Manlec começou como uma fábrica especializada em copas coloniais. A entrada oficial no varejo ocorreu em 1967, e a marca rapidamente se expandiu, chegando a operar 46 lojas no Rio Grande do Sul. A empresa tornou-se um símbolo de inovação e qualidade, conquistando gerações de consumidores com seus designs exclusivos e campanhas publicitárias memoráveis.
Crise e recuperação judicial
No alvorecer do século XXI, a Manlec começou a sentir o impacto da concorrência crescente e das mudanças nos hábitos de consumo. A crise econômica global dos últimos anos agravou ainda mais a situação, levando a empresa a acumular um passivo de R$ 100 milhões. Em 2014, a Manlec solicitou recuperação judicial na tentativa de reestruturar suas dívidas e continuar operando.
Falência e encerramento das atividades
Apesar dos esforços de recuperação, que incluíram a redução do número de lojas e reestruturação de operações, a Manlec não conseguiu estabilizar suas finanças. Em julho de 2017, a Justiça decretou a falência da empresa, considerando inviável a continuidade das operações. A decisão marcou o fim de uma era para a Manlec, que havia se tornado uma parte intrínseca da cultura gaúcha e do setor de móveis e eletrodomésticos no Brasil.
A Manlec enfrentou vários obstáculos que culminaram em sua falência. Entre eles, a concorrência acirrada, as mudanças no comportamento dos consumidores e a crise econômica global desempenharam papéis cruciais. A incapacidade de adaptar-se às novas dinâmicas de mercado e a falta de inovação contínua também contribuíram para o colapso.
Legislação e recuperação de empresas
No Brasil, a Lei nº 14.112/2020 oferece um mecanismo para empresas em dificuldades financeiras, permitindo a reestruturação de dívidas e uma possível volta ao mercado. Embora a Manlec não tenha conseguido se beneficiar plenamente desse recurso, a legislação continua sendo uma ferramenta essencial para outros negócios que enfrentam adversidades similares.
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Situação das empresas de móveis no RS
Para além da falência da Manlec e diante da catástrofe climática no Rio Grande do Sul, as empresas de móveis estão avaliando o impacto na cadeia de suprimentos, incluindo a escassez de couro devido ao alagamento dos curtumes e as dificuldades no fornecimento de madeira. Além disso, estão reorganizando suas operações para contribuir com doações às famílias afetadas. O estado abriga cerca de 2,5 mil indústrias moveleiras, empregando diretamente 40 mil pessoas, conforme dados da Abimóvel (Associação Brasileira da Indústria de Mobiliário).
Apesar dos fornecedores localizados no Rio Grande do Sul, como a madeira proveniente de Canela (RS), a Bell’Arte, com fábrica em Jaraguá do Sul (SC), continua sua participação na ICFF (International Contemporary Furniture Fair) em Nova York, de 19 a 21 de maio. Essa participação faz parte da estratégia de expansão da empresa no mercado norte-americano, visto que a feira é a mais importante do setor nos Estados Unidos. Mesmo com os desafios enfrentados pela indústria moveleira, o projeto Brazilian Furniture, uma parceria entre Abimóvel e Apex para promover o design de móveis brasileiros no exterior, manterá sua agenda de feiras internacionais.