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Ministério dá sinal verde e hospitais do RS recebem R$ 143,7 milhões após enchentes

Situação pós-calamidade revela o crescimento de doenças no estado

Ministra da Saúde anuncia doação aos hospitais do RS. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Ministra da Saúde anuncia doação aos hospitais do RS. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Ministra da Saúde anuncia doação aos hospitais do RS. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Ministra da Saúde anuncia doação aos hospitais do RS. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Ministério da Saúde anunciou na última quinta-feira (18) um repasse de R$ 143,7 milhões destinado à rede de hospitais filantrópicos do Rio Grande do Sul. Este aporte financeiro beneficiará todos os 217 estabelecimentos privados sem fins lucrativos do estado, representando 62% dos hospitais que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) e 72% dos leitos SUS no estado, conforme dados divulgados pela pasta.

O Rio Grande do Sul foi severamente afetado por enchentes históricas em maio, que impactaram quase todo o estado. A medida do Ministério da Saúde visa mitigar os efeitos dessas enchentes, proporcionando recursos essenciais para a recuperação e manutenção dos serviços hospitalares.

Destinação dos recursos aos hospitais do RS

Os R$ 143,7 milhões serão disponibilizados em parcela única e poderão ser utilizados em diversas frentes. As áreas de aplicação incluem ações de atenção especializada ambulatorial e hospitalar, aquisição de suprimentos, insumos e produtos hospitalares. Os recursos também permitirão a definição de protocolos assistenciais específicos para enfrentar a situação emergencial, realização de campanhas educativas e manutenção de equipamentos de apoio à assistência especializada.

Planejamento futuro e recursos adicionais

Além desse repasse inicial, uma nova parcela de recursos será liberada posteriormente para ampliar a oferta de atendimento com especialistas médicos. Com esse novo aporte, o governo federal totaliza mais de R$ 277 milhões destinados às instituições filantrópicas para reforçar a atenção especializada no Rio Grande do Sul. Em junho, 68 unidades já haviam recebido R$ 133,6 milhões para o enfrentamento da calamidade e emergência de saúde pública. Estes recursos são adicionais às despesas regulares do SUS no estado.

Atendimento às demandas locais

A disponibilização deste recurso aos hospitais do RS atende a uma demanda da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul. No mês passado, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, se reuniu com representantes da rede para discutir as necessidades emergenciais decorrentes das enchentes.

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Impacto das enchentes na saúde

As enchentes não só causaram mortes e deixaram quase 600 mil pessoas desabrigadas, mas também trouxeram um grave problema de saúde pública para os moradores do Rio Grande do Sul: doenças resultantes das enchentes. A infectologista Natalia Reis, da Santa Casa de São José dos Campos, explica que a comunidade médica observa três fases distintas de doenças: as de rápido diagnóstico, as em período de incubação e as psicossomáticas. De acordo com o último boletim da Defesa Civil, mais de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelas enchentes no estado.

Fases das doenças pós-enchentes

Na primeira fase, há muitos casos de gastroenterite, hepatite A, doenças cutâneas e infecções virais respiratórias. Posteriormente, doenças com período de incubação mais longo, como leptospirose e dengue, se tornam mais preocupantes. A infectologista também destaca o risco de outras arboviroses, como chikungunya, devido ao maior período de incubação.

O epidemiologista Natan Katz, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, chama a atenção ainda para outras doenças. Nesse sentido, ele pontua intoxicações que provocam diarreia, decorrentes da contaminação pela água.

Doenças psicológicas pós-trauma

Reis alerta ainda para um terceiro estágio: doenças de cunho psicológico causadas pelo trauma vivenciado pelos sobreviventes. “Existe essa repercussão imediata de salvar as pessoas e tirá-las da crise inicial, mas também existe o pós-trauma”, afirma a médica.