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Como a Tok&Stok planeja superar sua maior crise financeira

Conflito entre fundadores e controladores marca trajetória recente

Entenda os conflitos financeiros da Tok&Stok. (Foto: Divulgação)
Entenda os conflitos financeiros da Tok&Stok. (Foto: Divulgação)
Entenda os conflitos financeiros da Tok&Stok. (Foto: Divulgação)
Entenda os conflitos financeiros da Tok&Stok. (Foto: Divulgação)

A Tok&Stok, varejista de móveis e decoração fundada em 1978 por Régis e Ghislaine Dubrule, enfrenta uma crise financeira profunda, exacerbada por conflitos internos entre fundadores e controladores. Recentemente, a gestora SPX, que administra os investimentos remanescentes do Carlyle no Brasil, elevou o tom das discussões ao rejeitar uma proposta de capitalização de R$ 210 milhões dos fundadores, parcialmente composta por conversão de dívida e um novo aporte. A proposta foi discutida em uma reunião convocada pelos fundadores e pelo conselheiro independente Roberto Szachnowicz, mas o presidente do conselho e diretor de private equity da SPX, Fernando Borges, expressou forte oposição.

Borges classificou a convocação como uma ameaça, citando que o montante proposto seria insuficiente para as necessidades da Tok&Stok e apenas alteraria a composição societária, diluindo a participação do Carlyle e aumentando o controle dos fundadores. Esse embate, segundo Borges, poderia afastar novos investidores e complicar ainda mais a situação da empresa.

Assembleia e reestruturação do conselho

A resposta da SPX incluiu a convocação de uma assembleia de acionistas para o dia 5 de agosto, visando a destituição de um conselheiro e a eleição de um novo membro. Embora os nomes não tenham sido explicitados, a indicação é de que haverá uma troca no conselho, potencialmente substituindo Szachnowicz, que apoiou a destituição de Ghislaine como CEO.

Uma reunião subsequente do conselho está agendada para o dia 9 de agosto, para discutir a proposta de capitalização dos fundadores e analisar a situação financeira da empresa, as opções estratégicas e as negociações com credores.

Histórico e desafios financeiros

A crise financeira da Tok&Stok não é recente. Em 2023, uma capitalização foi realizada pelos acionistas, junto com a extensão de prazos da dívida. Houve também uma tentativa de fusão com a Mobly, que não avançou devido à oposição dos Dubrule e outras questões. Em julho do mesmo ano, Ghislaine Dubrule reassumiu a presidência executiva, mas a estratégia adotada resultou em mais gastos e lentidão nos resultados, segundo o Carlyle.

Nos últimos meses, a Tok&Stok fechou 17 lojas, demitiu 300 funcionários e atualmente emprega 2.605 pessoas. Mesmo com essas medidas, o desempenho de 2023 ficou aquém do esperado. Para 2024, a meta é aumentar as vendas em 25%, alcançando um faturamento de R$ 1,5 bilhão. A aposta está em lançamentos de coleções assinadas, incluindo uma colaboração com o estilista Alexandre Herchcovitch, para atrair investidores e revitalizar a empresa.

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Planos de reestruturação

Ghislaine Dubrule, aos 73 anos, trabalha intensamente para reverter a situação da Tok&Stok. O plano é retornar às origens da empresa, focando em lojas físicas e reduzindo a dependência de operações digitais, um movimento contrário às tendências recentes do mercado de varejo. Até 2025, a meta é preparar a empresa para o vencimento das dívidas renegociadas, somando R$ 350 milhões com bancos e R$ 250 milhões em passivos de recebíveis.

Tok&Stok: uma marca resiliente

Fundada em São Paulo, a Tok&Stok expandiu rapidamente desde sua primeira loja de 80m² na Avenida São Gabriel. Em 2012, a empresa foi adquirida pelo Grupo Carlyle e, em 2022, foi reconhecida como a empresa de varejo mais admirada do Brasil no segmento de móveis pelo IBEVAR. Apesar dos desafios, a Tok&Stok continua sendo uma referência no mercado de móveis e decoração.