O mercado de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) experimentou um aumento notável no número de investidores pessoas físicas em 2024. Conforme revelado pelo último relatório da Anbima, divulgado nesta segunda-feira (29), entre dezembro de 2023 e maio deste ano, o número de investidores individuais em FIDCs cresceu 70%, passando de pouco mais de 22 mil para 37,8 mil.
Este crescimento acelerado tornou as pessoas físicas o maior grupo de cotistas dos FIDCs em fevereiro de 2024, representando quase 50% do total. O aumento é amplamente atribuído às mudanças regulatórias introduzidas pela Resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que democratizou o acesso a esses produtos, anteriormente restritos a investidores profissionais e qualificados.
Impacto da Resolução 175 da CVM
A Resolução 175 da CVM desempenhou um papel crucial na abertura do mercado de FIDCs para investidores em geral. Antes dessa mudança, os FIDCs eram predominantemente acessíveis apenas para investidores com maior sofisticação financeira. A adaptação dos FIDCs às novas normas, prevista para novembro deste ano, é esperada para impulsionar ainda mais o crescimento do setor.
Sergio Cutolo, diretor da Anbima, destacou que a expectativa é que a adaptação das normas abra novas oportunidades para um crescimento contínuo. “Nossa expectativa é que a adaptação do estoque de FIDCs às novas normas, que acontecerá em novembro deste ano, abra espaço para um crescimento ainda maior que o registrado até aqui“, afirmou Cutolo.
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Tendências e Preferências dos Investidores
O relatório da Anbima também aponta um aumento no número de cotistas e no patrimônio dos fundos de investimento. Os investidores institucionais, que ocupam o segundo maior grupo de cotistas, tendem a alocar até 10% de suas carteiras em FIDCs, com uma inclinação para produtos voltados ao segmento financeiro. Aproximadamente 43% do patrimônio alocado por fundos em FIDCs é direcionado a produtos de crédito, como financiamento de veículos, crédito consignado, crédito pessoal, crédito corporativo e imobiliário.
Desafios e Riscos para Fundos Abertos
Um aspecto preocupante destacado pelo relatório é o risco de liquidez associado aos fundos abertos que investem em FIDCs fechados. Esses fundos podem enfrentar dificuldades para atender a pedidos de resgate devido à baixa liquidez dos ativos. Em maio de 2024, 71,6% dos ativos de FIDCs abertos tinham liquidez superior a 360 dias, indicando possíveis desafios em períodos de estresse no mercado. Esse percentual aumentou de 65,6% no final de 2023, refletindo uma crescente dificuldade em liquidar ativos rapidamente.
Crescimento de FIDCs Multicarteira
Os FIDCs Multicarteira têm se destacado na classe, com um patrimônio líquido de R$ 123,6 bilhões no final de maio, marcando uma alta de 30% nos primeiros cinco meses do ano. Estes fundos, que não têm compromisso de concentração em um segmento específico, também ampliaram sua liderança na oferta de produtos.
O número de fundos do tipo Multicarteira cresceu de 358 em janeiro de 2022 para 775 no final de maio de 2024, um aumento de 116% em dois anos e meio. Em 2024, o crescimento foi próximo de 14%, evidenciando a crescente popularidade desses fundos diversificados.
