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Embrapa conclui estudo sobre agricultura sustentável e aprofunda sistema ILPF

Estudo de 12 anos no Mato Grosso oferece bases técnicas para integração agropecuária

Entenda a investigação da Embrapa com o sistema ILPF. (Foto: Cristiane V. P. Fragalle/Banco de Imagens Embrapa)
Entenda a investigação da Embrapa com o sistema ILPF. (Foto: Cristiane V. P. Fragalle/Banco de Imagens Embrapa)
Entenda a investigação da Embrapa com o sistema ILPF. (Foto: Cristiane V. P. Fragalle/Banco de Imagens Embrapa)
Entenda a investigação da Embrapa com o sistema ILPF. (Foto: Cristiane V. P. Fragalle/Banco de Imagens Embrapa)

A Embrapa Agrossilvipastoril finalizou um estudo de 12 anos sobre sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em Sinop (MT), considerado o maior experimento global nessa área. Este estudo trouxe insights valiosos para a utilização de árvores nesses sistemas produtivos, fornecendo fundamentos técnicos sólidos para decisões informadas.

Embrapa e ILPF: detalhes do experimento

O experimento utilizou o clone de eucalipto H13 devido ao seu rápido crescimento e versatilidade. As árvores foram testadas em diferentes sistemas: integração lavoura-floresta (ILF), pecuária-floresta (IPF) e ILPF, além da monocultura como controle. Inicialmente plantadas em fileiras de três linhas com espaçamento de 30 metros, intervenções subsequentes ajustaram esse espaçamento para 37 metros em linhas simples.

Durante os 12 anos, o estudo monitorou diversos aspectos: crescimento das árvores, manejo como poda e desbastes, acúmulo de biomassa e carbono, e produção de madeira, variando entre 87 m³ e 114 m³ por hectare.

Produtividade total do sistema

O pesquisador Maurel Behling destacou ao Canal Rural a importância de avaliar a produtividade total do sistema ao aumentar o número de árvores. “Quando falamos em sistemas de integração, temos que pensar na produtividade de todo o sistema. Se eu aumento o número de árvores, terei redução na produção da lavoura e da pecuária. Sendo assim, o maior número de árvores tem que fazer sentido na avaliação global“, afirmou Behling.

Comportamento de crescimento e carbono

O experimento revelou que sistemas integrados apresentam o efeito bordadura, onde as árvores nas bordas recebem mais luz, água e nutrientes, resultando em maior diâmetro e acúmulo de biomassa. No sistema ILPF, o acúmulo de carbono por árvore superou 30 kg/ano, significativamente maior que os cerca de 20 kg/ano observados na monocultura.

Além do carbono armazenado na madeira, as árvores também contribuem para a matéria orgânica no solo, com cerca de 10 toneladas de resíduos por hectare, excluindo tocos e raízes, que representam 20% da biomassa total.

Recomendações de planejamento

Behling enfatiza que os resultados fornecem subsídios importantes para o planejamento de sistemas ILPF. Sistemas com linha simples são indicados para quem deseja adicionar renda ou melhorar o conforto térmico para o gado. Para aqueles que buscam compensar a produção de lavoura e pecuária com a venda de madeira, renques de múltiplas linhas são mais adequados.

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Mercado consumidor de madeira

O mercado consumidor da madeira deve ser considerado no planejamento. Na região médio-norte de Mato Grosso, a demanda por biomassa aumentou com a instalação de usinas de etanol de milho. Embora a madeira serrada ainda não seja amplamente utilizada, há demanda para madeira tratada em cercas, postes e construção civil.

Fim do ciclo e novas perspectivas

O experimento de ILPF da Embrapa com foco na pecuária de corte e produção de grãos está sendo finalizado com o corte raso dos eucaliptos. A área ainda possui 3.666 árvores em 43 hectares, com volume estimado de 3.568,33 m³ de madeira, representando um valor de cerca de R$ 514 mil.

Com o término deste ciclo, um novo estudo será iniciado no próximo período chuvoso, incorporando a teca como componente arbóreo, além do eucalipto. A teca, que perde suas folhas no período seco, reduz a sombra para os animais, enquanto o eucalipto contribuirá para o conforto térmico e escalonamento de receitas.

Dimensão do experimento

Este experimento da Embrapa é um dos maiores do mundo, abrangendo 72 hectares com dez tratamentos distintos. Desde a instalação, em 2011/2012, pesquisadores analisaram solo, dinâmica de água, microclima, forragicultura, sanidade animal e vegetal, microbiologia e emissão de gases de efeito estufa. Entre os resultados, destaca-se o Sistema PPS (Precocidade, Produtividade e Sustentabilidade), uma estratégia de manejo da pecuária de cria utilizando ILP e IPF.

Desenvolvimento de inseticida sustentável

Paralelamente, a Embrapa Meio Ambiente (SP) e o Instituto de Química da Unicamp desenvolveram um inseticida mais eficaz e sustentável utilizando nanomicelas poliméricas para a liberação controlada da molécula tiametoxam. Esse produto demonstrou sucesso no controle do psilídeo (Diaphorina citri), vetor do greening nos citros. A utilização do nanoinseticida pode reduzir o número de aplicações necessárias, diminuir a resistência das pragas e minimizar o impacto ambiental e os custos.