A taxa de desemprego no Brasil apresentou uma queda significativa no trimestre encerrado em junho, marcando 6,9%, conforme divulgado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (31). Este é o melhor resultado para um trimestre encerrado em junho desde 2014, e a menor taxa de desemprego desde o quarto trimestre de 2014.
Em comparação com o trimestre anterior, encerrado em março, a taxa de desemprego caiu de 7,9% para 6,9%, uma redução de 1 ponto percentual. Quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado, a taxa caiu de 8% para 6,9%. Esses números refletem uma tendência de melhora no mercado de trabalho, que enfrenta uma recuperação gradual após os impactos da pandemia de Covid-19.
O número absoluto de desocupados no Brasil também mostrou uma diminuição notável. A queda foi de 12,5% em relação ao trimestre anterior, resultando em 7,5 milhões de pessoas desempregadas. Na comparação anual, o recuo foi de 12,8%. Esses dados evidenciam uma recuperação sólida, embora ainda existam desafios significativos a serem enfrentados.
Recordes na População Ocupada e Informalidade
A população ocupada alcançou um recorde histórico, estimada em 101,8 milhões de pessoas, um aumento de 1,6% em relação ao trimestre anterior e de 3% em comparação ao ano passado, com um acréscimo de 2,9 milhões de pessoas. Esta alta no emprego reflete um aquecimento na economia brasileira e um aumento na demanda por bens e serviços.
Por outro lado, a taxa de informalidade continua alta, com 39,3 milhões de trabalhadores informais, correspondendo a 38,6% do total da força de trabalho. Os empregados sem carteira assinada atingiram um novo recorde de 13,797 milhões, marcando um crescimento de 3,1% em relação ao trimestre anterior e de 5,2% em comparação com o mesmo período do ano passado.
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Análise da Força de Trabalho e Rendimento
O percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, conhecido como nível de ocupação, subiu para 57,8%, um aumento de 0,8 ponto percentual em relação ao trimestre anterior e de 1,2 ponto percentual em comparação ao ano passado. A força de trabalho, que inclui tanto ocupados quanto desocupados, aumentou 1,7%, totalizando 109,4 milhões de pessoas.
A população fora da força de trabalho permaneceu estável em 66,7 milhões. No entanto, a taxa de subutilização, que inclui desocupados, subempregados e pessoas fora da força de trabalho que poderiam trabalhar, caiu para 16,4%, o menor número desde 2014. A população desalentada, por sua vez, reduziu-se para 3,3 milhões, o menor número desde junho de 2016.
Rendimento Real Habitual em alta
O rendimento real habitual dos trabalhadores também apresentou uma alta, alcançando R$ 3.214, um aumento de 1,8% em relação ao trimestre anterior e de 5,8% na comparação anual. A massa de rendimento real habitual, que representa o total de salários pagos, chegou a R$ 322,6 bilhões, um novo recorde, com um crescimento de 3,5% frente ao trimestre anterior e de 9,2% na comparação anual.
Perspectivas para o Futuro
Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, o desempenho positivo do mercado de trabalho em 2023 é um reflexo da recuperação econômica após os impactos da pandemia. “Há uma melhora do quadro geral das atividades econômicas, o que faz com que mais trabalho seja demandado na produção de bens e serviços. O mercado de trabalho está respondendo bem a esse aumento de demanda”, afirmou Beringuy.
Entretanto, o cenário econômico continua desafiador, com a necessidade de estratégias eficazes para enfrentar a alta informalidade e a necessidade de estímulos adicionais para sustentar o crescimento. A recuperação gradual do mercado de trabalho indica uma tendência positiva, mas o sucesso futuro dependerá da continuidade das políticas econômicas e da adaptação a novas dinâmicas de mercado.