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Saiba por que o real é a moeda que mais desvaloriza no mundo

Impactos econômicos da queda do real frente ao dólar

Real - Moeda - Dinheiro arrecadação federal - bilhões - déficit - Brasil - orçamento 2025
(Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
Real - Moeda - Dinheiro arrecadação federal - bilhões - déficit - Brasil - orçamento 2025
(Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O dólar tem mostrado uma valorização em relação ao real ao longo de 2024. Na última sexta-feira (2), a moeda americana fechou o dia cotada a R$ 5,71, apesar de uma leve queda de 0,44% no pregão. Este valor é o maior desde dezembro de 2021, quando o dólar alcançou R$ 5,739. No acumulado do ano, o dólar já se valorizou 18,49% frente ao real. Sendo assim, o real tornou-se a moeda a que mais desvaloriza no cenário global, segundo levantamento de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.

Desde o início do ano, o dólar vem se valorizando, em parte devido às expectativas frustradas de cortes de juros nos Estados Unidos. Esperava-se que tais cortes tornariam o Brasil mais atrativo para investidores estrangeiros. A situação piorou em abril, quando surgiram temores sobre as contas públicas brasileiras, exacerbados por rumores de mudanças na meta fiscal para 2025, que se confirmaram com a alteração para um déficit zero.

De maio a julho, o mercado esteve focado na questão do déficit, o que afetou negativamente a atratividade do Brasil para investidores. No início de julho, houve um alívio temporário com a expectativa de queda dos juros pelo Federal Reserve e a retórica do governo brasileiro, liderada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pregando equilíbrio fiscal. No entanto, a situação voltou a piorar.

Impacto do câmbio na inflação

André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), alerta que a desvalorização do real, a moeda brasileira, pode gerar um impacto inflacionário. “Quanto mais o tempo passa e o real se desvaloriza, maior é a probabilidade de termos um impacto inflacionário,” explica. A moeda desvalorizada aumenta as exportações, reduzindo a oferta no mercado interno e elevando os preços. Além disso, as importações se tornam mais caras, repassando custos ao consumidor.

 

Reajustes e preços dos combustíveis

Estrategistas destacam que os impactos já podem ser observados, especialmente no setor de combustíveis. Então, desde a posse da nova CEO da Petrobras, Magda Chambriard, a estatal realizou reajustes nos preços da gasolina, gás de cozinha e querosene de aviação. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) também reflete essa alta, especialmente no grupo de combustíveis e energia, que registrou uma aceleração de 0,75% em julho.

Cenário externo

No cenário externo, a alta do dólar é influenciada por conflitos geopolíticos e pela política monetária dos EUA. Analistas apontam que o aumento das taxas de juros pelo Banco do Japão também contribui para a valorização do dólar. Essa mudança impacta o movimento de “carry trade,” onde investidores pegam dinheiro a juros baixos em um país para investir em países com juros mais altos, como o Brasil.

Nos EUA, a possibilidade de uma recessão, apontada por especialistas da The Hill Capital, também pressiona o dólar. A perspectiva de um “hard landing,” ou pouso forçado da inflação, afeta negativamente o mercado. No entanto, um possível corte de juros pelo Federal Reserve pode aliviar a pressão sobre o câmbio brasileiro, atraindo mais capitais e fortalecendo o real.