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IPCA acima do esperado traz sinais de alerta, diz Geldo Machado

Diretor do BC e presidente do SINFAC analisam desafios econômicos em evento financeiro

Queda das ações japonesas; gráfico do índice Topix.
Empresário Geldo Machado, presidente do SINFAC (CE.PI.MA.RN) e do Grupo financeiro Valorizcred. (Foto: Renato Villar)
Queda das ações japonesas; gráfico do índice Topix.
Empresário Geldo Machado, presidente do SINFAC (CE.PI.MA.RN) e do Grupo financeiro Valorizcred. (Foto: Renato Villar)

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, destacou na quinta-feira (8) a complexidade do cenário econômico atual, considerando-o “desconfortável” para o cumprimento da meta de inflação estabelecida pela autoridade monetária. Durante um evento promovido pela Confederação Brasileira das Cooperativas de Crédito, Galípolo afirmou que o Comitê de Política Monetária (Copom) considera a projeção do IPCA para o primeiro trimestre de 2026, de 3,2%, acima da meta de 3%.

Em sua apresentação, Galípolo ressaltou que o cenário global tem se mostrado particularmente desafiador, com incertezas em torno dos juros nos Estados Unidos, a atividade econômica na China e a elevação das taxas de juros no Japão. Esses fatores têm gerado volatilidade nos mercados, complicando as previsões econômicas. “As informações econômicas estão envelhecendo rapidamente devido a essa volatilidade,” afirmou Galípolo.

Projeção do IPCA e Reações do Mercado

Apesar das preocupações levantadas, o mercado brasileiro reagiu de forma mista às declarações do diretor do Banco Central. Nesta sexta-feira (9), as taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) para contratos de longo prazo, como janeiro de 2026, registraram uma baixa. O movimento acompanhou a queda do dólar em relação ao real e o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior. A taxa para janeiro de 2026 caiu para 11,525%, uma redução em relação aos 11,57% do ajuste anterior.

Leia Também: IPCA de julho registra alta de 0,38%

Por outro lado, houve uma alta nos contratos de curtíssimo prazo. Isso ocorre porque a percepção é de que a inflação, medida pelo IPCA, pode levar a um aumento da Selic já em setembro. Na abertura da sessão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA subiu 0,38% em julho, a maior taxa desde fevereiro, superando as expectativas do mercado. No acumulado de 12 meses, o IPCA registrou alta de 4,50%, no teto da meta do Banco Central.

Comentários do Mercado

Geldo Machado, presidente do SINFAC (CE.PI.MA.RN), ofereceu uma análise cautelosa sobre a situação.

“Apesar dos números do IPCA terem vindo um pouco acima das expectativas, as taxas dos DIs cederam na maioria dos vencimentos, em parte devido à queda do dólar ante o real e à baixa dos yields dos Treasuries. O IPCA ainda não deu fortes motivos para fechamento da curva brasileira, mas os sinais de alerta para a inflação são claros“, disse Machado.

Machado também comentou sobre a influência positiva do cenário global na semana.

A semana fecha de forma positiva, reforçando as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve a partir de setembro, com possibilidade significativa de redução de 50 pontos-base, e o mercado já está precificando isso na curva”, disse o ex-banqueiro.

Influências no Câmbio e Expectativas Futuras

O cenário global mais otimista contribuiu para a nova queda do dólar em relação ao real.

“A busca por risco no mercado global está favorecendo as moedas emergentes. O câmbio está ajudando bem no fechamento da curva, com o dólar abaixo de 5,50 reais,” acrescentou Geldo Machado.