Publicidade

Inveja Corporativa: O desafio oculto dos executivos nas empresas – Por Jackson Pereira Jr.

Desafios dos executivos em ambientes corporativos hostis

Por Jackson Pereira Jr., empreendedor, diretor do BNTI, fundador Economic News Brasil.
Por Jackson Pereira Jr., empreendedor, diretor do BNTI, fundador Economic News Brasil.
Por Jackson Pereira Jr., empreendedor, diretor do BNTI, fundador Economic News Brasil.
Por Jackson Pereira Jr., empreendedor, diretor do BNTI, fundador Economic News Brasil.

No mundo corporativo, as habilidades técnicas e a experiência muitas vezes não são suficientes para garantir o sucesso de um executivo. Um dos desafios mais difíceis, mas menos discutidos, é a inveja corporativa. Essa dinâmica sutil, mas poderosa, pode minar o trabalho de grandes líderes, especialmente em ambientes enraizados em uma cultura de acomodação e resistência à mudança. A inveja corporativa não é apenas uma questão de rivalidade pessoal; ela tem raízes profundas na psicologia e nas dinâmicas de poder que regem as relações profissionais dentro das organizações. Esse fenômeno ocorre tanto em empresas privadas quanto em instituições sem fins lucrativos. O ego pode dominar em qualquer ambiente.

Resistência à Mudança: Um Obstáculo Comum

Quando um executivo de alto desempenho entra em uma organização, ele geralmente traz consigo uma nova visão e uma série de projetos inovadores. No entanto, se a companhia está acostumada a uma rotina estática, onde os colaboradores fazem apenas o mínimo necessário, esse novo gestor pode enfrentar uma resistência inesperada. Aqueles que estão na empresa há muito tempo, muitas vezes protegidos por uma relação de confiança e consideração por parte da liderança, podem se sentir ameaçados. Em vez de verem o novo executivo como uma nova oportunidade de crescimento, enxergam-no como uma ameaça à sua estabilidade.

Essa resistência se manifesta de várias maneiras, desde a sabotagem passiva até o famoso “milíndre”. Colaboradores incomodados pelo novo ritmo de trabalho começam a reclamar, muitas vezes distorcendo as intenções do novo gestor. Essa insatisfação se espalha rapidamente, afetando a percepção da liderança sobre o trabalho do executivo, que, apesar de estar tentando implementar mudanças positivas, começa a ser visto como o problema.

Além disso, a resistência à mudança não se limita apenas ao trabalho direto. Pode também se manifestar através de práticas organizacionais enraizadas que, mesmo ineficazes, são mantidas por serem “a maneira como sempre fizemos as coisas”. Executivos dinâmicos, que procuram implementar melhorias e otimizar processos, frequentemente encontram barreiras quando tentam desafiar essas normas estabelecidas, as quais, muitas vezes, são defendidas com veemência pelos colaboradores mais antigos. A resistência pode ser silenciosa, mas sua força é suficiente para sabotar grandes projetos e, em última análise, a carreira do executivo.

Leia Também: Falência da empresa não deve ser vergonha, fraudar para enriquecer Sim!

Impacto da Inveja Corporativa no Ambiente de Trabalho

A inveja corporativa não se manifesta apenas através da resistência aberta às novas ideias, mas também por meio de comportamentos tóxicos no ambiente de trabalho. Esses comportamentos incluem a exclusão do novo executivo de reuniões importantes, a disseminação de boatos maliciosos, e até mesmo a tentativa de desacreditar suas decisões e iniciativas. Em ambientes onde a inveja está enraizada, o trabalho em equipe e a colaboração dão lugar à competição desenfreada e ao jogo de poder, criando um ambiente hostil e improdutivo.

Essa atmosfera de inveja e competição pode ter efeitos devastadores na moral do time e na produtividade geral da organização. Os colaboradores que apoiam o novo executivo podem se sentir isolados ou intimidados, enquanto aqueles que se opõem a ele, ao invés de contribuir para o crescimento da empresa, podem usar sua energia para minar os esforços de mudança. Esse ciclo vicioso pode levar à estagnação, perda de talentos e, eventualmente, ao declínio da empresa.

Dilema das Empresas Familiares

A situação se torna ainda mais complicada em empresas familiares. Nessas organizações, membros da família que ocupam cargos importantes podem ver com desconfiança um novo executivo. Embora nomeiem o executivo como diretor, sua competência e visão o qualificam para posições ainda mais elevadas, como vice-presidente ou presidente. No entanto, devido a questões de poder e ciúmes familiares, o executivo acaba sendo mantido em uma posição de menor destaque.

Esse cenário gera tensões internas, especialmente se o novo executivo começa a transformar a empresa de maneira radical. Empresas familiares, que antes negligenciavam uma unidade de negócios deficitária, podem começar a prestar mais atenção a ela quando esta começa a crescer sob a nova liderança. O sucesso repentino pode despertar sentimentos de inveja e competição entre os familiares, que podem começar a minar os esforços do executivo para proteger suas próprias posições.

Em muitos casos, os familiares, em vez de reconhecerem o valor trazido pelo novo executivo, veem seu sucesso como uma ameaça ao seu próprio poder e influência dentro da empresa. Isso pode levar a disputas internas que não apenas comprometem a carreira do executivo, mas também colocam em risco o futuro da empresa como um todo. Essas dinâmicas podem ser particularmente destrutivas em empresas familiares, onde as lealdades pessoais frequentemente se sobrepõem às necessidades estratégicas do negócio.

Leia Também: Governança Corporativa: impacto e benefícios

Decisão de Sair: Um Caminho Inevitável?

Diante de tanta resistência e da falta de apoio, muitos executivos optam por sair da empresa. Em muitos dos casos, essa saída ocorre por iniciativa própria. O executivo percebe que, apesar de seus esforços, o ambiente hostil está comprometendo seu trabalho e sua saúde mental. Ele começa a buscar novas oportunidades no mercado, justificando sua saída por “questões pessoais” e a necessidade de “novos desafios”. O mercado, que reconhece seu valor, prontamente o contrata.

Infelizmente, a saída desse executivo muitas vezes marca o início do declínio da empresa. Sem sua liderança, a empresa perde o ímpeto para continuar crescendo. Projetos são abandonados, a inovação desacelera, e a empresa, que antes estava em ascensão, começa a regredir. Esse fenômeno ocorre frequentemente em empresas familiares, onde disputas pelo poder frequentemente se destacam acima do objetivo principal de crescimento e sustentabilidade da organização.

Além disso, quando um executivo de alta performance sai, ele leva consigo não apenas seu conhecimento e experiência, mas também sua rede de contatos e a credibilidade que havia construído. Para a empresa, substituí-lo pode ser um desafio quase insuperável, especialmente se a cultura corporativa que levou à sua saída permanecer inalterada. O resultado é uma espiral descendente, onde a perda de um líder forte desencadeia uma série de outras perdas. A moral da equipe é afetada negativamente. A confiança dos investidores e clientes também é abalada.

Inveja Corporativa como Inimiga do Sucesso

A inveja corporativa é um desafio silencioso, mas devastador. Executivos talentosos são afastados ou escolhem sair devido a um ambiente que não lhes permite prosperar. As empresas, por sua vez, pagam um alto preço por não conseguirem lidar com essa questão. Para superar esse obstáculo, as empresas, especialmente as familiares, precisam cultivar uma cultura de meritocracia e inovação, na qual todos reconheçam o sucesso individual como uma vitória coletiva, em vez de uma ameaça.

Empresas que conseguem transformar a inveja em admiração e colaboração são aquelas que, no longo prazo, conseguem prosperar. Elas entendem que o sucesso de um executivo não diminui os outros, mas, pelo contrário, eleva o padrão de toda a organização. Ao promover um ambiente em que todos são incentivados a crescer e contribuir, essas empresas conseguem reter seus melhores talentos. Elas criam uma cultura atraente para novos líderes visionários. Dessa forma, garantem o sucesso contínuo da organização.

*Artigo de Opinião Por Jackson Pereira Jr.empreendedor, diretor do BNTI, fundador e CEO do Economic News Brasil.

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal.