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Roberto Campos Neto: sucessor no Banco Central deve ser avaliado por critérios técnicos

Presidente do Banco Central do Brasil pede foco técnico e autonomia na sucessão.

Banco Central do Brasil - Presidente - Dólar - Campos Neto
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Banco Central do Brasil - Presidente - Dólar - Campos Neto
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil (Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil)
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil, enfatizou que é essencial julgar seu sucessor com base em critérios técnicos. Ele ressaltou que questões políticas não devem influenciar esse julgamento. Roberto Campos Neto fez essa declaração durante um evento do banco BTG Pactual em São Paulo, nesta terça-feira (20), onde também destacou a importância de preservar a autonomia da instituição.

“Eu espero que meu sucessor não seja criticado ou julgado pela cor da camisa que ele veste, ou se ele foi a alguma festa, ou se participou de alguma homenagem de um jeito ou de outro, e que ele seja julgado pelas decisões técnicas que ele tomou”, disse o presidente do Banco Central do Brasil.

Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Roberto Campos Neto foi o primeiro a assumir a presidência do Banco Central sob a lei de autonomia da instituição. Essa independência, no entanto, gerou controvérsias, especialmente no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não teve a opção de substituir o atual presidente do BC devido à legislação em vigor.

A polêmica em torno de Roberto Campos Neto ganhou força após ele ter comparecido à sua sessão eleitoral em 2022 usando uma camisa da Seleção Brasileira, um símbolo associado a apoiadores de Bolsonaro. A partir de então, surgiram críticas, especialmente de membros do governo Lula, que acusaram o Banco Central de manter os juros altos com fins políticos.

Roberto Campos Neto sempre negou essas alegações. Ele afirmou que pauta sua atuação na técnica e na necessidade de manter uma relação institucional com políticos

“A proximidade com autoridades governamentais é inerente ao cargo, mas isso não significa que haja perda de autonomia ou independência”, afirmou.

Sucessão

O mandato de Roberto Campos Neto termina no final deste ano. Ele assegurou que está comprometido em garantir uma transição tranquila para o próximo presidente do Banco Central. O presidente Lula será responsável por nomear seu sucessor, e Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, é o nome mais cogitado para o cargo.

Gabriel Galípolo atuou anteriormente como secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Ele tem demonstrado alinhamento com as diretrizes atuais do Banco Central, o que gerou uma recepção positiva no mercado financeiro. Recentemente, o diretor de política monetária reforçou o compromisso da instituição com a meta de inflação de 3% ao ano, com uma margem de variação entre 1,5% e 4,5%.

Roberto Campos Neto reiterou que o Banco Central do Brasil continuará focado em manter a inflação sob controle até o fim de sua gestão. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta acumulada de 4,5% nos últimos 12 meses. O índice atingiu o teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2024. Sendo assim, o cenário pressionou ainda mais a instituição a ajustar a taxa básica de juros, atualmente fixada em 10,5% ao ano.

Por fim, Roberto Campos Neto indicou que não pretende seguir na vida pública após o término de seu mandato. Ele expressou o desejo de se dedicar ao setor privado, onde planeja aplicar sua vasta experiência em finanças e tecnologia.