“Eu espero que meu sucessor não seja criticado ou julgado pela cor da camisa que ele veste, ou se ele foi a alguma festa, ou se participou de alguma homenagem de um jeito ou de outro, e que ele seja julgado pelas decisões técnicas que ele tomou”, disse o presidente do Banco Central do Brasil.
Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Roberto Campos Neto foi o primeiro a assumir a presidência do Banco Central sob a lei de autonomia da instituição. Essa independência, no entanto, gerou controvérsias, especialmente no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não teve a opção de substituir o atual presidente do BC devido à legislação em vigor.
A polêmica em torno de Roberto Campos Neto ganhou força após ele ter comparecido à sua sessão eleitoral em 2022 usando uma camisa da Seleção Brasileira, um símbolo associado a apoiadores de Bolsonaro. A partir de então, surgiram críticas, especialmente de membros do governo Lula, que acusaram o Banco Central de manter os juros altos com fins políticos.
Roberto Campos Neto sempre negou essas alegações. Ele afirmou que pauta sua atuação na técnica e na necessidade de manter uma relação institucional com políticos
“A proximidade com autoridades governamentais é inerente ao cargo, mas isso não significa que haja perda de autonomia ou independência”, afirmou.
Sucessão
O mandato de Roberto Campos Neto termina no final deste ano. Ele assegurou que está comprometido em garantir uma transição tranquila para o próximo presidente do Banco Central. O presidente Lula será responsável por nomear seu sucessor, e Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central, é o nome mais cogitado para o cargo.
Gabriel Galípolo atuou anteriormente como secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Ele tem demonstrado alinhamento com as diretrizes atuais do Banco Central, o que gerou uma recepção positiva no mercado financeiro. Recentemente, o diretor de política monetária reforçou o compromisso da instituição com a meta de inflação de 3% ao ano, com uma margem de variação entre 1,5% e 4,5%.
Roberto Campos Neto reiterou que o Banco Central do Brasil continuará focado em manter a inflação sob controle até o fim de sua gestão. Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou uma alta acumulada de 4,5% nos últimos 12 meses. O índice atingiu o teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2024. Sendo assim, o cenário pressionou ainda mais a instituição a ajustar a taxa básica de juros, atualmente fixada em 10,5% ao ano.
Por fim, Roberto Campos Neto indicou que não pretende seguir na vida pública após o término de seu mandato. Ele expressou o desejo de se dedicar ao setor privado, onde planeja aplicar sua vasta experiência em finanças e tecnologia.