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CVM acusa ex-diretores e conselheiros do IRB de fraude contábil

O caso começou a ganhar visibilidade em fevereiro de 2020

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CVM investiga fraude contábil no IRB /(Foto: Divulgação/CVM).
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CVM investiga fraude contábil no IRB /(Foto: Divulgação/CVM).

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) finalizou o processo envolvendo o ressegurador IRB Brasil RE (IRBR3), resultando na acusação de 11 ex-diretores e conselheiros da empresa. Este caso de fraude contábil, abalou a confiança do mercado e a reputação da companhia. O processo inclui figuras proeminentes como Ivan Monteiro e Pedro Guimarães entre os acusados. 

Caso de fraude contábil ganha destaque 

O caso começou a ganhar visibilidade em fevereiro de 2020, quando a Squadra Investimentos levantou suspeitas sobre a transparência financeira da empresa. Em uma carta aberta, a Squadra acusou o IRB de inflar seus lucros através de práticas contábeis questionáveis, o que teria levado a um aumento artificial do preço das ações da companhia. 

A situação piorou quando, ainda em fevereiro de 2020, surgiram rumores de que Warren Buffett, através de sua empresa Berkshire Hathaway, havia adquirido ações do IRB. Essa informação foi utilizada pela alta administração do IRB para aumentar a confiança dos investidores. No entanto, em março de 2020, a Berkshire Hathaway desmentiu publicamente a participação no IRB, desmoronando a confiança do mercado e fazendo com que as ações do IRB perdessem substancialmente seu valor. 

Acusações e acusados 

Com o desmentido de Buffett e o subsequente colapso das ações, o IRB enfrentou uma crise que resultou na renúncia de membros chave da administração, incluindo o CEO e o CFO. O caso foi então investigado pela CVM e pelo Ministério Público, com o objetivo de apurar as responsabilidades pela divulgação de informações falsas e pelas práticas contábeis irregulares. 

Os acusados incluem Ivan Monteiro, ex-CEO da Petrobras (PETR3; PETR4) e atual diretor-presidente da Eletrobras (ELET3; ELET6), que presidiu o Conselho de Administração do IRB até 2020. Pedro Guimarães, ex-presidente da Caixa Econômica Federal e ex-conselheiro do IRB, também está entre os réus. Outros acusados são Fernando Passos, ex-CFO da empresa; José Carlos Cardoso, ex-presidente; Lucia Maria da Silva Valle, vice-presidente executiva de riscos; Werner Suffert, vice-presidente executivo financeiro e de relações com investidores; e os ex-conselheiros Alexsandro Broedel Lopes, Marcos Bastos Rocha, Maria Elena Bidino, Roberto Dagnoni e Vinicius Albernaz. 

A peça acusatória foi enviada pela área técnica da CVM para a Gerência de Controle de Processos Sancionadores (GCP) no início deste mês, que iniciou a citação dos acusados. 

Impactos da fraude e medidas futuras 

O caso revelou falhas na governança corporativa do IRB e levantou questões sobre a necessidade de maior fiscalização e transparência no mercado financeiro. A crise afetou profundamente a confiança dos investidores e prejudicou a reputação do ressegurador, que ainda luta para se recuperar. 

Durante a teleconferência de resultados, executivos da companhia destacaram que, apesar do aumento nas provisões, os dividendos não deverão ser impactados negativamente. O IRB elevou seu guidance para provisões, passando de uma faixa de R$ 30 bilhões a R$ 27 bilhões para R$ 31 bilhões a R$ 34 bilhões. Geovanne Tobias, diretor de relações com investidores, afirmou que o aumento das provisões será compensado pelo crescimento da margem financeira da empresa.