Publicidade

Gabriel Galípolo, do Banco Central: a economia brasileira está aquecida

Gabriel Galípolo
(Imagem: Lula Marques/ Agência Brasil)
Gabriel Galípolo
(Imagem: Lula Marques/ Agência Brasil)

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, observou nesta segunda-feira (26) que a economia brasileira está demonstrando sinais de aquecimento, diferenciando-se do panorama norte-americano, que começa a mostrar moderação. “A atividade está aquecida, se mostrando dinâmica no Brasil (…) Tem mostrado bastante dinamismo“, afirmou Gabriel Galípolo durante um evento em Teresina (PI), celebrando os 125 anos do Tribunal de Contas do Estado do Piauí.

Em sua análise, o diretor de Política Monetária destacou diversos indicadores que refletem a vitalidade econômica atual: o país registra o menor índice de desemprego dos últimos dez anos, a renda dos trabalhadores cresceu 12% em comparação a 2022, e o crédito expandiu continuamente nos últimos seis meses, superando 10%. Além disso, a emissão de debêntures no primeiro semestre de 2024 foi 2,5 vezes maior que no mesmo período do ano anterior, e a ocupação da capacidade instalada da indústria atingiu o maior patamar em uma década.

As perspectivas para o Produto Interno Bruto (PIB) também são promissoras, com analistas de grandes bancos estimando um crescimento acima de 3% para 2024. A prévia do PIB do Banco Central para o mês de junho reforça essa visão otimista, sinalizando um nível elevado de atividade econômica. No setor de serviços, o crescimento observado nos últimos dois anos é o maior desde 2022.

Contudo, Gabriel Galípolo alertou para o risco de que esse crescimento não seja acompanhado por uma oferta adequada, o que poderia gerar pressões inflacionárias. 

“A função do Banco Central, neste momento, é fazer com que esse crescimento da demanda não esteja ocorrendo de maneira desordenada com a oferta”, destacou.

Política Monetária

Em relação à política monetária, o Banco Central mantém uma abordagem cautelosa. Embora o mercado preveja juros mais elevados nos próximos anos, as expectativas de inflação continuam desalinhadas com as metas estabelecidas. “Por isso, o BC interrompeu seu ciclo de cortes [de juros] e ficou dependente de dados“, explicou Gabriel Galípolo. O Banco Central está preparado para utilizar todas as ferramentas disponíveis para garantir a estabilidade econômica.

No final de julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa básica de juros em 10,50% ao ano. Essa foi a segunda reunião consecutiva sem alterações na Selic. Posteriormente, o Banco Central manifestou preocupação com a valorização do dólar e suas possíveis implicações na inflação futura, afirmando que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”

O Copom também observou que o aumento dos gastos públicos e as questões relacionadas à sustentabilidade fiscal têm gerado impactos nos preços dos ativos. Além disso, as expectativas inflacionárias permanecem elevadas. O cenário atual apresenta desafios, com as projeções de inflação para os próximos anos sendo revisadas para cima, distanciando-se das metas centrais estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

O Banco Central já está focado na meta de inflação para 2024 e para o segundo semestre de 2025, com uma perspectiva de queda gradual da Selic a partir do próximo ano. Entretanto, as previsões atuais indicam que a inflação pode se aproximar do limite superior da banda das metas, aumentando a complexidade do cenário econômico.

A próxima reunião do Copom, programada para setembro, será importante para determinar os próximos passos na condução da política monetária. O Banco Central continua monitorando de perto os dados econômicos para equilibrar o crescimento e controlar a inflação.