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Boeing evita greve com acordo histórico e aumento salarial

Boeing - Greve - Avião - Setor Aéreo
(Imagem: Lee Rosario/Pixabay)
Boeing - Greve - Avião - Setor Aéreo
(Imagem: Lee Rosario/Pixabay)

A Boeing Co. e o sindicato International Association of Machinists (IAM) chegaram a um acordo estratégico que pode evitar uma greve, reforçando a capacidade da fabricante de aeronaves de superar seus recentes desafios. A empresa, que já enfrenta problemas em sua cadeia de produção, correu o risco de uma paralisação caso não chegasse a um entendimento com seus 33 mil trabalhadores na região de Seattle.

O acordo prevê um aumento salarial de 25% nos próximos quatro anos. Além disso, a Boeing se comprometeu a construir o próximo modelo de avião no Noroeste do Pacífico. Os trabalhadores receberão um aumento imediato de 11% e um bônus de US$ 3 mil, o que contribui para manter a paz nas fábricas.

Ambas as partes celebraram o novo contrato após intensas negociações, realizadas às vésperas de uma possível greve na Boeing, que começaria em 13 de setembro. O CEO da Boeing, Kelly Ortberg, tem buscado uma reaproximação com os sindicatos desde sua posse, e o acordo representa um marco em suas tentativas de redefinir o relacionamento da empresa com seus trabalhadores.

Robert Spingarn, analista da Melius Research, destacou a força do sindicato durante as negociações. “O sindicato tinha muito poder de negociação e a Boeing tinha poder limitado”, afirmou. Ele acredita que, apesar dos custos envolvidos, o acordo é uma vitória para a Boeing, pois evita uma paralisação que poderia prejudicar ainda mais a fabricante, já pressionada por falhas recentes na produção.

Impactos

Mesmo com o sucesso imediato do acordo, os desafios a longo prazo permanecem. A Boeing prometeu construir seu próximo avião no Noroeste do Pacífico, o que pode prejudicar sua posição em futuras negociações. A companhia havia utilizado, no passado, a ameaça de transferir a produção do 777X para obter concessões do sindicato, mas essa opção agora está fora de alcance.

Stephanie Pope, presidente da Boeing Commercial Airplanes, exaltou o contrato. Segundo ela, o acordo proporciona o “maior aumento salarial geral de todos os tempos” e solidifica o compromisso da empresa com a região de Washington. “As raízes da Boeing estão aqui, e esse acordo reflete isso”, disse em um comunicado.

O novo acordo chega em um momento delicado para as finanças da Boeing. A empresa gastou mais de US$ 8 bilhões nos primeiros seis meses de 2024, em parte devido a uma série de problemas operacionais, incluindo um quase acidente envolvendo o modelo 737. A fabricante enfrenta pressão para aumentar a produção e entregar aviões a tempo, enquanto ainda lida com regulações rigorosas.

Embora a Boeing esteja tentando manter a disciplina fiscal, os custos de uma paralisação do trabalho seriam devastadores. A possível redução da classificação de crédito da empresa para um nível abaixo do grau de investimento pode aumentar ainda mais seus desafios financeiros.

O sindicato

Mesmo com a oferta da Boeing, não há garantia de que o acordo será aprovado pelos trabalhadores. No último ano, a Spirit AeroSystems enfrentou uma situação semelhante, quando os membros do IAM rejeitaram uma proposta inicial. A greve durou uma semana, mas a companhia foi forçada a rever sua oferta.

Alguns trabalhadores já expressaram descontentamento em fóruns online, afirmando que a proposta não aproveitou totalmente o poder de barganha do sindicato, especialmente considerando as dificuldades financeiras que a Boeing enfrenta. No mês passado, o sindicato votou massivamente a favor da autorização de uma greve na Boeing, e os trabalhadores permanecem em alerta.

A votação final sobre o acordo será realizada no dia 12 de setembro. Se rejeitado, os trabalhadores irão para as linhas de piquete a partir do dia 13. Além disso, o desfecho dessas negociações pode influenciar futuras conversas com outros sindicatos, incluindo aqueles que representam trabalhadores da divisão de defesa da Boeing e seus engenheiros.

As próximas negociações contratuais com o IAM ocorrerão em 2025, envolvendo trabalhadores da divisão de defesa. A Boeing também precisará negociar com o sindicato SPEEA, que representa seus engenheiros, até 2026. Resolver rapidamente os conflitos atuais pode ajudar a empresa a estabelecer um precedente positivo para essas futuras conversas.