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O que esperar do IGP-M em setembro: desaceleração inicial pode não se sustentar

(Foto: Artem Podrez/Pexels)
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O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em setembro apresentou desaceleração em sua primeira prévia, caindo de 0,33% em agosto para 0,18%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). Essa queda foi impulsionada principalmente pela redução nos preços de commodities e pela energia elétrica mais barata. No entanto, a tendência é que o índice acelere novamente ao longo do mês, de acordo com o economista André Braz, da FGV.

Atacado e varejo puxam desaceleração

O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), responsável por 60% do cálculo do IGP-M, caiu de 0,31% para 0,19% na primeira prévia de setembro. Os números foram impulsionados pela queda no preço das commodities de maior peso no índice. O minério de ferro recuou 2,16% e a soja apresentou queda de 1,67%. De acordo com Braz, o movimento de desaceleração dos preços de commodities deve continuar nas próximas leituras.

No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M), que representa 30% do IGP-M, passou de uma alta de 0,22% em agosto para uma queda de 0,09% na primeira prévia de setembro. Entre as classes de despesa que registraram redução de preços, destacam-se a alimentação, com queda de 0,43%, e a tarifa de eletricidade residencial, que recuou de 0,58% para -0,71% entre agosto e setembro. A queda na tarifa de energia foi atribuída à bandeira tarifária verde em agosto, que reduziu os custos para os consumidores.

Energia elétrica e La Niña podem reverter cenário

Apesar da desaceleração inicial do IGP-M em setembro de 2024, Braz alerta que essa tendência pode ser temporária. A partir de setembro, a bandeira tarifária passou para vermelha, o que significa um aumento no custo da energia elétrica. Como a coleta de dados da primeira prévia terminou em 31 de agosto, o impacto completo da mudança na bandeira ainda não foi capturado. “A energia elétrica sozinha responde por 4% do IPC”, destaca o economista, sugerindo que a inflação no varejo pode subir nas próximas leituras do IGP-M em setembro.

Outro fator que pode influenciar o índice é o fenômeno climático La Niña. Assim como o El Niño, o La Niña altera os padrões de chuva e temperatura, afetando diretamente a produção agrícola. Segundo Braz, já há indícios de que a oferta de produtos como café, laranja e feijão está sendo impactada, o que pode gerar aumento nos preços desses itens tanto no atacado quanto no varejo.

Construção civil também apresenta desaceleração

O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC-M), que compõe 10% do IGP-M, também desacelerou na primeira prévia de setembro, caindo de 0,69% em agosto para 0,64%. Apesar dessa leve queda, o setor de construção civil continua a pressionar os custos do IGP-M, principalmente devido ao aumento nos preços de materiais e serviços.

Perspectivas para o IGP-M em setembro

Com base na análise de André Braz, o IGP-M em setembro de 2024 deve registrar uma aceleração nas próximas leituras. A energia elétrica, cujo impacto completo da bandeira vermelha ainda não foi captado, e os efeitos do La Niña sobre a produção agrícola, são fatores que devem pressionar o índice para cima. No entanto, a queda contínua nos preços das commodities pode ajudar a moderar essa alta.

Dessa forma, espera-se que o IGP-M de setembro fique acima da primeira prévia de 0,18%, mas ainda dentro de um cenário de moderada inflação.