O Brasil possui um potencial imenso para se tornar líder global em soluções climáticas, com estimativas de atrair US$ 3 trilhões em investimentos nos próximos anos. Segundo relatório do BCG divulgado pelo Valor econômico, o potencial climático do Brasil é impulsionado por diversas frentes. Dentre elas, a produção de biocombustíveis, a adaptação e resiliência a eventos climáticos extremos e a expansão de data centers sustentáveis.
O relatório “Seizing Brazil`s Climate Potential” foi lançado nesta quarta-feira (18), durante o Brazil Climate Summit 2024. Durante o evento, Arthur Ramos, diretor-executivo e sócio do BCG disse que os destaques brasileiros vão para “soluções baseadas na natureza, biocombustíveis, energia renovável, agricultura sustentável e produtos industriais de baixa emissão”.
O potencial do biocombustível
Especialmente quando o assunto é biocombustível Arthur Ramos se mostra muito otimista com as oportunidades. Segundo entrevista dada ao Valor, se o Brasil aproveitasse todo o potencial de produção de biocombustível poderia atender todo o país. “O potencial de geração de energia do Brasil com biocombustíveis daria para atender todo o segmento de transportes –carros, ônibus e caminhões”. Atualmente apenas 20% do combustível usado no país vem de fontes limpas.
Ainda sobre o impacto ambiental, o diretor aponta que aumentar o percentual de uso de biocombustíveis pode reduzir significativamente a emissão de CO2/ano. Ele argumenta que atualmente, com apenas 20% de biocombustíveis, a redução é de 50 milhões de toneladas de CO2. Assim, caso a matriz energética fosse 100% composta por biocombustível, poderíamos reduzir 250 milhões de toneladas de CO2 por ano. Para além do impacto ambiental, Arthur argumenta que a transição total é uma oportunidade de investimentos que pode movimentar US$ 200 bilhões até 2050.
Quando questionado sobre o perigo de utilizar a terra que produz alimento para produzir combustível, Ramos argumenta que atualmente apenas 3% da terra no país é usada para esse fim. Mesmo assim, ele diz que existem caminhos para não interferir na produção de alimentos. Para ele, utilizar terras não produtivas é o ponto inicial. “Temos como suprir a oferta sem que se prejudique a produção de alimentos. Somos muito entusiastas em relação a essa iniciativa”, complementa o executivo.
Além disso, a produção de biocombustíveis de segunda geração, como o etanol celulósico, e a utilização de resíduos agrícolas abrem ainda mais oportunidades para o setor.
Data centers sustentáveis
Por fim, Arthur argumenta que para otimizar o setor e fortalecer as decisões com dados, ainda existe a oportunidade de investimento em data centers. Nesse sentido, o Brasil pode aproveitar sua matriz energética limpa para atrair investimentos nesse setor. O país pode se posicionar como um hub global para a computação em nuvem sustentável.
Usar a inteligência de dados nesse setor significa estimular práticas regenerativas, a recuperação de pastagens degradadas e otimizar a comunicação entre lavoura-pecuária e floresta. “Seria uma visão integrada com esforços para recuperar o bioma. Acredito que agricultura será um dos temas mais importantes da COP 30, no Brasil”, defende Ramos.
Desafios e Oportunidades
Apesar do grande potencial, o Brasil enfrenta desafios “como o desmatamento ilegal, especialmente na Amazônia”, argumentou. Nesse caso, Arthur defende que é necessário fortalecer as instituições e implementar políticas públicas eficazes. O que resultará em mais investimento no setor e um compromisso com a sustentabilidade, urgente frente aos últimos acontecimentos.
Assim, a adaptação às mudanças climáticas é fundamental para construir um país que ofereça infraestrutura segura para as cidades. O diretor argumenta que Investimentos em sistemas de alerta precoce, gestão de recursos hídricos e infraestrutura verde são essenciais para enfrentar os desafios climáticos.