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BB lança campanha para evitar recuperação judicial no agronegócio

Banco do Brasil - recuperação judicial - agronegócio - BB
(Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Banco do Brasil - recuperação judicial - agronegócio - BB
(Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Banco do Brasil (BBAS3), o segundo maior banco do país em ativos totais, lançou em junho uma campanha para evitar pedidos de recuperação judicial no setor do agronegócio. De acordo com Felipe Prince, vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB, a medida tem como objetivo proteger os produtores rurais. O foco é evitar que eles recorram a um processo que pode causar danos ao setor.

Recentemente, a AgroGalaxy, varejista de insumos agrícolas, protocolou um pedido de recuperação judicial, acompanhando uma tendência crescente em meio à queda nos preços das commodities e eventos climáticos extremos, como inundações e secas sem precedentes. 

“O processo de recuperação judicial para produtores rurais não é saudável. Ele coloca em risco o patrimônio dos produtores, que são as terras, e impede novas concessões de crédito”, afirmou Rafael Prince.

O Banco do Brasil é líder em crédito para o agronegócio no Brasil, com uma participação de mercado de 50% entre os produtores rurais. Por isso, o banco está engajado em um “processo de conscientização“. Nesse processo, os superintendentes nas principais regiões produtoras alertam sobre os riscos da recuperação judicial e seu impacto negativo na atividade econômica dos produtores rurais.

Como alternativa, o Banco do Brasil está oferecendo auxílio aos clientes por meio da extensão de dívidas e gestão de crédito. Rafael Prince mencionou que alguns produtores têm adotado medidas que ele considera “irracionais“, atribuindo parte dessas decisões à “advocacia predatória e processos de blindagem patrimonial“. Ele enfatizou que o volume de pedidos de recuperação judicial, embora tenha aumentado recentemente, ainda é baixo em relação à carteira do banco, que conta com mais de 700 mil produtores rurais. Desses, apenas 150 estão em recuperação judicial.

Os números da Serasa corroboram a preocupação: em 2023, 321 empresas de produtos e serviços ligados ao agronegócio pediram recuperação judicial. É um aumento de 82% em relação ao ano anterior. No primeiro trimestre deste ano, foram registrados mais 82 pedidos de recuperação judicial, segundo dados divulgados pela empresa.

Enfrentando os desafios climáticos e foco em sustentabilidade

Além da crise financeira, eventos climáticos extremos têm afetado o setor agro. O banco utiliza um banco de dados, com informações de safras agrícolas desde 1960, para prever cenários futuros e elaborar estratégias para amenizar os riscos. Essa base de dados, associada à inteligência artificial e técnicas de georreferenciamento, é usada também para monitorar possíveis invasões em áreas de produção.

Outro ponto importante abordado pelo vice-presidente de controles internos e gestão de riscos do BB é a expansão da carteira de crédito sustentável do Banco do Brasil. Atualmente, o Banco do Brasil mantém uma carteira de crédito de R$ 360 bilhões, destinando R$ 155 bilhões à agricultura sustentável. No entanto, a meta é alcançar R$ 500 bilhões e R$ 200 bilhões, respectivamente, até 2030.

A busca pelo protagonismo em sustentabilidade

O Banco do Brasil está de olho em se firmar como um player decisivo no mercado de crédito de carbono. Durante a Climate Week em Nova York, o banco anunciou a captação de US$ 800 milhões para financiar pequenos e médios produtores que adotam métodos de agricultura de baixo carbono. As instituições financeiras, como JPMorgan Chase Bank, Standard Chartered Bank, HSBC Bank e Crédit Agricole, realizaram essa iniciativa em parceria com o banco,

Em março deste ano, o BB também emitiu US$ 750 milhões em títulos sustentáveis, a terceira operação do banco associada a compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG). Sobre futuras emissões, Rafael Prince afirmou que o banco permanece atento a oportunidades, embora descarte novas operações ainda este ano.

“Havendo oportunidade mais tarde, a gente capta. Então isso é perene”, concluiu.