No Brasil, o assunto dívida pública sempre esteve em pauta, sobretudo no debate econômico, mas também político. No século passado, a dívida externa preocupava os setores da economia. Porém, nos últimos 20 anos, é o endividamento interno que passou a ser motivo de atenção no âmbito das contas públicas.
Por que a CNC deseja uma reforma administrativa?
Em estudo divulgado nesta terça-feira (1°/10), a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) defende que, sem uma reforma administrativa, o crescimento da dívida pública continuará crescendo a ponto de atingir 100% do PIB (Produto Interno Bruto é a soma de bens e serviços que um país produz). De acordo com a entidade, sem a reforma administrativa, o endividamento chegará a R$ 1,375 trilhão, o que colocará em risco a sustentabilidade dos negócios.
Crescimento da dívida pública
Segundo dados da CNC, as despesas do governo cresceram em média de 5,3% ao ano desde 2002. Porém, as receitas tiveram uma aumento de apenas 3,7%. “Esse descompasso alimenta déficits primários consecutivos, obrigando o governo a financiar sua dívida com mais endividamento, o que pressiona o setor produtivo com juros altos e instabilidade econômica. Para as empresas, isso se traduz em maior custo do crédito, retração de investimentos e perda de competitividade”, argumenta a entidade sobre os riscos da dívida pública.
Como a reforma administrativa reduz o crescimento da dívida pública?
Uma reforma administrativa tem a finalidade de não apenas trazer eficiência, mas também reduzir custos da máquina pública. Nesse sentido, uma reforma ampla vai de programas de privatização e concessões até redução de gastos com pessoal. A economia giraria em torno de R$ 330 bilhões ao longo de 10 anos.
“A falta de uma solução, no entanto, implicaria mais perdas para o setor empresarial. Cada 10 p.p. de aumento na dívida pública resulta numa queda de 0,12 p.p. no crescimento econômico anual, comprometendo tanto o desempenho das empresas quanto sua capacidade de inovar e competir globalmente”, explica Felipe Tavares, economista-chefe da CNC.
Já o presidente da CNC, José Roberto Trados, afirma que “o empresariado será o mais prejudicado se não houver uma solução imediata para a questão fiscal”. Segundo o dirigente, “a deterioração econômica eleva o risco-país, inibe novos negócios e afasta investidores”.