A agência de classificação de risco Moody’s elevou, na última terça-feira (1º), uma nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva. Agora, o Brasil é apenas um passo para alcançar o grau de investimento tão desejado. Esse “selo de bom pagador” garante aos investidores um menor risco de calote e indica maior estabilidade financeira.
Apesar dessa elevação, a Moody’s informou que o Brasil ainda permanece em grau especulativo. Isso significa que, embora o país esteja menos vulnerável a riscos de curto prazo, ainda enfrenta desafios econômicos e incertezas financeiras. Segundo a Moody’s, a decisão reflete uma “melhoria” no perfil de crédito do Brasil. O avanço inclui um crescimento mais forte do Produto Interno Bruto (PIB) e um histórico de reformas econômicas e fiscais.
No entanto, a agência alertou para o fato do arcabouço fiscal brasileiro possuir “credibilidade moderada”. Isso é causado pelo custo elevado da dívida pública e pelas incertezas em relação à sua trajetória. A Moody’s acredita que um crescimento econômico mais consistente, aliado a uma política fiscal estável, permitirá a estabilização da dívida no médio prazo.
Crescimento econômico e projeções
A Moody’s destacou que o crescimento econômico foi fundamental para a elevação da nota brasileira. A agência revisou a projeção de crescimento do PIB para 2,5% e prevê, no prazo médio, um cenário mais forte em comparação aos anos anteriores à pandemia. Em nota, a Moody’s afirmou:
“Nos próximos anos, antecipamos que o crescimento continuará abrangente, com a demanda interna impulsionada por um mercado de trabalho relativamente forte.”
A agência também ressaltou a resiliência da economia brasileira diante dos desafios recentes, como as altas taxas de juros e as diversas enchentes. A Moody’s vê a agenda de transição energética do governo como um potencial impulsionador de crescimento. Isso se daria por meio da atração de investimentos em energia limpa e sustentabilidade no médio e longo prazo.
No documento, a Moody’s apontou avanços “em sucessivos governos”, como a independência do Banco Central, a governança das empresas estatais e a reforma trabalhista. A agência acredita que esses fatores desenvolvidos para um ambiente econômico mais estável e favorável ao crescimento.
O papel do arcabouço fiscal
A decisão de manter a nota de crédito do Brasil com perspectiva positiva está atrelada ao cumprimento do arcabouço fiscal. Segundo a Moody’s, isso pode ajudar a reduzir as incertezas na trajetória da dívida pública do Brasil. A agência afirmou:
“Um custo mais baixo da dívida teria impacto positivo na trajetória da dívida pública, especialmente se combinado com um crescimento mais forte.”
Em comunicado, o Ministério da Fazenda reiterou seu compromisso com a melhoria dos resultados fiscais e com a contenção de gastos. Conforme noticiado pelo G1, o órgão destacou que estabilizar a relação dívida/PIB pode contribuir para a redução das taxas de juros. Isso resultaria na criação de um ambiente mais favorável aos investimentos públicos e privados.
Contudo, a Moody’s alertou que a possibilidade de aumento dos gastos obrigatórios, como previdência e saúde, pode prejudicar o alcance das metas fiscais. Isso afetaria as alterações da política fiscal do Brasil e complicaria esforços futuros de controle de gastos.
Rumo ao grau de investimento
No relatório, a Moody’s afirmou que o Brasil precisa adotar medidas fiscais estruturais para atingir o grau de investimento. “Isso facilitaria a redução da dívida em um ambiente econômico favorável e limitaria seu aumento em uma mudança de ciclo”, declarou a agência. A perspectiva positiva indica que há chance de elevação da nota de crédito no futuro próximo. No entanto, a Moody’s ressaltou que esse cenário depende do compromisso do Brasil em implementar as reformas possíveis.
Caso ocorra um enfraquecimento desse compromisso, a perspectiva positiva pode mudar para “estável“. Isso atrasaria a possibilidade de elevação da nota de crédito do país. Os elevados custos de financiamento do governo também podem prejudicar a saúde financeira do Brasil e a confiança dos investidores.









